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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/DEPOIMENTO
Mulher de Valério diz que Dirceu sabia de empréstimo
Em depoimento à CPI, Renilda Souza implica ex-ministro da Casa Civil no caso
Sócia alega desconhecer operações de suas agências e chora ao falar da família
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de afirmar por diversas vezes que é uma dona-de-casa que se dedica apenas a cuidar dos filhos e que
não tinha conhecimento do que se passava nas agências
SMPB e DNA Propaganda, das quais é sócia, Renilda
Maria Santiago Fernandes de Souza afirmou que o então
ministro José Dirceu (Casa Civil) negociou os supostos
empréstimos feitos pelas empresas ao PT.
Com isso, a mulher do publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do
"mensalão", envolveu diretamente Dirceu no caso. O ex-ministro, hoje deputado, nega a versão.
Renilda, 41, afirmou que seu marido concordou com
os empréstimos bancários a pedido do ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares por "temer represálias nos contratos
que já mantinha com estatais".
Sem que lhe fosse perguntado, declarou detalhadamente que Dirceu "sabia dos empréstimos" e participou
de uma reunião com a direção do Banco Rural em um
hotel em Belo Horizonte. Revelou ainda que o ex-ministro também teria se encontrado com diretores do BMG,
em Brasília, para acertar o pagamento dos empréstimos.
O depoimento de Renilda, que durou cerca de oito
horas, foi encerrado pelo presidente da CPI, Delcídio
Amaral (PT-MS), devido à quinta crise de choro da mulher de Valério. Ela se descontrolou após uma intervenção do deputado Moroni Torgan (PFL-CE), na qual ele
apelava para que ela falasse "a verdade" sob pena de
"manchar" a história de sua família.
A exemplo de outros depoentes, Renilda poupou o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que seu marido não o conhece pessoalmente.
Na interpretação dos parlamentares, tanto da oposição quanto da base de apoio do governo, ela estava "ensaiada" para revelar somente o que a interessava e alegar, na maioria das vezes, que não tinha conhecimento
dos negócios do marido.
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