São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/DEPOIMENTO

Mulher de Valério diz que Dirceu sabia de empréstimo

Em depoimento à CPI, Renilda Souza implica ex-ministro da Casa Civil no caso

Sócia alega desconhecer operações de suas agências e chora ao falar da família


DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de afirmar por diversas vezes que é uma dona-de-casa que se dedica apenas a cuidar dos filhos e que não tinha conhecimento do que se passava nas agências SMPB e DNA Propaganda, das quais é sócia, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza afirmou que o então ministro José Dirceu (Casa Civil) negociou os supostos empréstimos feitos pelas empresas ao PT.
Com isso, a mulher do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do "mensalão", envolveu diretamente Dirceu no caso. O ex-ministro, hoje deputado, nega a versão.
Renilda, 41, afirmou que seu marido concordou com os empréstimos bancários a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por "temer represálias nos contratos que já mantinha com estatais".
Sem que lhe fosse perguntado, declarou detalhadamente que Dirceu "sabia dos empréstimos" e participou de uma reunião com a direção do Banco Rural em um hotel em Belo Horizonte. Revelou ainda que o ex-ministro também teria se encontrado com diretores do BMG, em Brasília, para acertar o pagamento dos empréstimos.
O depoimento de Renilda, que durou cerca de oito horas, foi encerrado pelo presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), devido à quinta crise de choro da mulher de Valério. Ela se descontrolou após uma intervenção do deputado Moroni Torgan (PFL-CE), na qual ele apelava para que ela falasse "a verdade" sob pena de "manchar" a história de sua família.
A exemplo de outros depoentes, Renilda poupou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que seu marido não o conhece pessoalmente.
Na interpretação dos parlamentares, tanto da oposição quanto da base de apoio do governo, ela estava "ensaiada" para revelar somente o que a interessava e alegar, na maioria das vezes, que não tinha conhecimento dos negócios do marido.


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