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Lula precisa do PMDB, dizem intelectuais
Incorporação de ex-auxiliares de FHC à administração petista revela que "ninguém governa sem o centro"
DA REDAÇÃO
A incorporação ao governo
Lula de vários políticos que foram aliados ferrenhos de Fernando Henrique Cardoso (Nelson Jobim, Geddel Vieira Lima,
Reinhold Stephanes) revela
que a atual administração, embora diferente da anterior, não
sobrevive sem um partido de
centro (veja quadro ao lado).
Segundo o cientista político
Carlos Ranulfo Melo, 49, professor da UFMG, essa absorção
revela que "o governo Lula é
um governo distinto do de
FHC, mas não tão distinto assim. Há diferenças em todos os
níveis mas também há certa
proximidade". Para Ranulfo, "o
PMDB está onde sempre esteve: no centro. Ele ocupa uma
posição muito favorável no sistema político, pois ninguém governa sem o centro. E o PMDB
é a maior bancada do centro".
Mas, além da necessidade de
apoio parlamentar, existe também certa afinidade programática: "O governo Lula tem um
ímpeto mais desenvolvimentista que o de FHC, um ímpeto
que recupera algumas das bandeiras do antigo PMDB", como
a distribuição de renda -que
era, tanto quanto a estabilização monetária, um dos objetivos centrais do Plano Cruzado.
A cientista política Maria
Dalva Kinzo, 55, professora da
USP e autora de "Oposição e
Autoritarismo - Gênese e Trajetória do MDB", também considera que essa metamorfose
dos peemedebistas acompanha
a mudança no Executivo: "Em
um regime presidencialista de
coalizão o governo precisa de
maioria parlamentar", o que
exige alianças com o centro.
"O PMDB é um grande partido e está no centro. À medida
que o presidente faz alianças
com o centro, é óbvio que haverá certa coincidência de personagens nos dois governos, porque as pessoas que assumem
ministérios são sempre lideranças do partido", diz Kinzo.
Já o cientista político Bolivar
Lamounier, 64, autor de "Da
Independência a Lula", atribui
a adesão desses políticos ao governo à natureza fisiológica do
PMDB: "O PMDB não apoiou a
eleição de FHC desde o primeiro momento, mas seu apoio
veio por gravidade, depois que
ele já estava eleito. O PMDB era
e é um partido fisiológico, que
cobra um preço por seu apoio".
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