São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Lula precisa do PMDB, dizem intelectuais

Incorporação de ex-auxiliares de FHC à administração petista revela que "ninguém governa sem o centro"

DA REDAÇÃO

A incorporação ao governo Lula de vários políticos que foram aliados ferrenhos de Fernando Henrique Cardoso (Nelson Jobim, Geddel Vieira Lima, Reinhold Stephanes) revela que a atual administração, embora diferente da anterior, não sobrevive sem um partido de centro (veja quadro ao lado).
Segundo o cientista político Carlos Ranulfo Melo, 49, professor da UFMG, essa absorção revela que "o governo Lula é um governo distinto do de FHC, mas não tão distinto assim. Há diferenças em todos os níveis mas também há certa proximidade". Para Ranulfo, "o PMDB está onde sempre esteve: no centro. Ele ocupa uma posição muito favorável no sistema político, pois ninguém governa sem o centro. E o PMDB é a maior bancada do centro".
Mas, além da necessidade de apoio parlamentar, existe também certa afinidade programática: "O governo Lula tem um ímpeto mais desenvolvimentista que o de FHC, um ímpeto que recupera algumas das bandeiras do antigo PMDB", como a distribuição de renda -que era, tanto quanto a estabilização monetária, um dos objetivos centrais do Plano Cruzado.
A cientista política Maria Dalva Kinzo, 55, professora da USP e autora de "Oposição e Autoritarismo - Gênese e Trajetória do MDB", também considera que essa metamorfose dos peemedebistas acompanha a mudança no Executivo: "Em um regime presidencialista de coalizão o governo precisa de maioria parlamentar", o que exige alianças com o centro.
"O PMDB é um grande partido e está no centro. À medida que o presidente faz alianças com o centro, é óbvio que haverá certa coincidência de personagens nos dois governos, porque as pessoas que assumem ministérios são sempre lideranças do partido", diz Kinzo.
Já o cientista político Bolivar Lamounier, 64, autor de "Da Independência a Lula", atribui a adesão desses políticos ao governo à natureza fisiológica do PMDB: "O PMDB não apoiou a eleição de FHC desde o primeiro momento, mas seu apoio veio por gravidade, depois que ele já estava eleito. O PMDB era e é um partido fisiológico, que cobra um preço por seu apoio".


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