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BC SOB PRESSÃO
Presidente julga acusação um 'absurdo'; Palocci defende executivo
Lula reafirma seu apoio a Meirelles
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em nova demonstração de
apoio ao presidente do BC (Banco
Central), o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva reagiu ontem com
contrariedade ao surgimento de
mais uma suspeita de ilegalidade
relacionada a Henrique Meirelles.
Usando as palavras "absurdo" e
"bobagem", Lula discutiu ontem
na reunião de coordenação de governo (grupo dos principais ministros e auxiliares do Palácio do
Planalto) a investigação do Ministério Público do Trabalho de
Goiás sobre acordos trabalhistas
do BankBoston relativos a serviços de segurança prestados a Meirelles na campanha eleitoral de
2002. Naquele ano, Meirelles se
elegeu deputado federal pelo
PSDB, com 183.046 votos (foi o
mais votado no Estado).
Seguranças do BankBoston, benefício ao qual Meirelles tinha direito devido a um acordo com o
banco, do qual foi o presidente
mundial, prestaram serviço em
sua campanha. O Ministério Público do Trabalho suspeita que
houve doação ilegal de recursos.
Para assumir a presidência do
Banco Central, Meirelles se desligou do PSDB e renunciou ao seu
mandato de deputado federal.
Acusação improcedente
Para Lula, a acusação contra o
presidente do BC é improcedente.
O ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), que falou diretamente
com Meirelles em todas as outras
vezes em que reportagens questionaram a lisura do presidente
do BC, ouviu novamente explicações. E as julgou satisfatórias.
Ontem, na reunião, predominou a avaliação de que a nova suspeita não deve levar o governo a
afrouxar a defesa que vem fazendo do presidente do Banco Central. Mais: só reforçou a convicção
de que foi correta do ponto de vista de ação de governo, apesar do
desgaste, a medida provisória que
concedeu a Henrique Meirelles
status de ministro de Estado.
Essa medida provisória tem o
objetivo de dar ao presidente do
BC foro privilegiado ou especial
-responder a processos judiciais
apenas no Supremo Tribunal Federal e ser denunciado apenas pelo procurador-geral da República.
Ou seja, blindá-lo contra eventuais denúncias do Ministério Público e decisões judiciais de primeira e segunda instâncias.
Blindagem
A "blindagem" de Meirelles foi
decidida cerca de seis meses atrás.
Palocci esqueceu o assunto. Em
meados de julho, uma série de reportagens apontaram suspeitas
de sonegação fiscal e irregularidades na gestão do patrimônio de
Meirelles. Assustado, o presidente
do BC cobrou a "blindagem".
Lula autorizou, mas preferiu
aguardar a passagem do bombardeio. Decepcionado, Meirelles se
abalou emocionalmente.
Mas, no último dia 12, quinta-feira, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público para
apreender documentos na Caixa
Econômica Federal assustou Meirelles. No dia seguinte, ele disse ao
ministro da Fazenda: "[O Ministério Público e a Polícia Federal]
vão fazer isso no Banco Central.
Imagine a repercussão".
Palocci, então, voltou a falar
com Lula e arrancou a autorização para a "blindagem" imediata.
Pensou-se até em dar a Meirelles o
cargo de ministro extraordinário
da Estabilidade da Moeda. Mas
essa solução pareceu casuística e
folclórica demais.
Por aconselhamento do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o governo optou pela edição
da medida provisória que lhe deu
status de ministro ao presidente
do BC.
(KENNEDY ALENCAR)
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