HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O governo de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, contratou por R$ 169 mil a empresa de um petista para fazer a projeção de filmes no Festival América do Sul, evento patrocinado com R$ 2,5 milhões do Banco do Brasil. O festival será realizado de 17 a 25 de setembro em Corumbá (418 km de Campo Grande).
O petista beneficiado é o empresário Nilson Rodrigues Fonseca, 39, ex-diretor da Fundação de Cultura do Distrito Federal durante o governo Cristovam Buarque (1995 a 1998). Ele disse ser filiado ao PT desde a fundação do partido.
A empresa de Fonseca conseguiu o contrato por meio de uma concorrência pública na qual não teve adversários. O nome da empresa é Cine Cultura e foi aberta, segundo registro na Receita Federal, em 17 de setembro de 2003.
A FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), que coordena o Festival América do Sul, não vê impedimento na contratação do empresário (leia texto nesta página).
Em outro evento, o empresário petista recebe patrocínio do governo de Mato Grosso do Sul. Desde 2000, o Estado patrocina o Festival de Inverno de Bonito (MS), promovido pela empresa Mercado Cultural, também de Fonseca.
Só em 2004, segundo o empresário (que diz ter idealizado o Festival de Inverno), o governo contribuiu com R$ 500 mil -fato confirmado pela FCMS.

Ao ar livre
Pedro Ortale, presidente da FCMS, disse que, durante o Festival América do Sul, haverá exibições de filmes ao ar livre e será montado um cinema dentro do teatro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em Corumbá. Foi para cuidar da locação e projeção dos filmes, segundo Ortale, que o governo resolveu contratar uma empresa particular.
No início de agosto, a FCMS lançou edital para a contratação, informando que pagaria R$ 174.098,17 pelo serviço. No último dia 19, foi realizado um pregão público.
Em 29 minutos, acabou escolhida a empresa de Fonseca -por uma proposta inferior ao valor do edital, ou seja, R$ 169 mil. Segundo Ortale, apenas o empresário concorreu.
Anteontem, o governador Zeca do PT disse que pediu o patrocínio de R$ 2,5 milhões para o evento diretamente ao presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, argumentando que o Estado é o maior cliente da instituição em Mato Grosso do Sul.
Casseb enfrenta críticas desde que o BB comprou R$ 73,5 mil em ingressos para um show, no dia 13 de julho passado, da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, cuja renda teria sido aplicada na compra da nova sede do PT em São Paulo. O dinheiro foi devolvido pelo banco.


Texto Anterior: Acordo trouxe "dinheiro fácil", diz PM
Próximo Texto: Outro lado: Coordenação do festival diz que não há favorecimento
Índice