São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Políticos divergem ao avaliar marcha

do Conselho Editorial

Parlamentares governistas e ministros reagiram de forma bem diferente à marcha de ontem.
"Foi muito ruim para eles. Não tinha povo, tinha aparelhos e máquinas", diz Pedro Parente, chefe da Casa Civil, refletindo a análise feita nas entranhas do Palácio do Planalto.
"Se eu estivesse no lugar do presidente, procuraria ler tudo o que foi dito, tirando os radicalismos, e ver o que poderia corrigir", contrapõe o deputado Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL.
"Não deixou nenhuma marca", diz o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga (PSDB).
"Há realmente uma angústia social", contrapõe outra voz governista, a do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP).
A única coisa em que os quatro coincidem é em elogiar o caráter ordeiro e pacífico da manifestação, que Inocêncio chega a classificar até de alegre.
Se prevalecer a visão dos políticos, portanto, o governo teria correções de rumo a fazer, mas a palavra dos ministros indica claramente que isso não acontecerá.
Pimenta da Veiga chega a dizer que a manifestação foi feita fora de hora: "Quis capitalizar os sacrifícios que de fato foram exigidos da população no primeiro trimestre no momento em que a economia já dá sinais de recuperação".
É com base nessa suposta recuperação que o ministro nega qualquer correção de rumos. "O governo quer ser sensível a todas as manifestações, mas não há por que fazer mudanças estruturais justamente quando se vai colher os resultados das restrições impostas nos últimos cinco anos."
Pedro Parente é menos enfático do que Pimenta ao negar qualquer alteração. "Estamos trabalhando em uma série de coisas na área social". (CR)


Texto Anterior: Cinco anos depois, presidente vê "o outro lado da moeda"
Próximo Texto: Janio de Freitas: O país dos sem-governo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.