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NO AR
Um número grande
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Foram batizar de Marcha
dos 100 Mil -e o número virou
obsessão, ontem na TV.
A cobertura ao vivo já foi restrita, sobretudo na Globo, sem
flashes, ao contrário de Record
e Band. E nos telejornais, fora
os elogios ao "protesto pacífico", a prioridade foi o número.
Da primeira manchete do Jornal Nacional:
- Duelo de números. Oposições dizem que reuniram 100
mil. A polícia calcula 40 mil.
A equipe de FHC não se articulou bem e lançou primeiro
uma cifra, apresentada pela
Agência Brasil como "estimativa oficial", de 60 mil. A Globo
comprou, à tarde.
Depois a estimativa baixou
para 40 mil, sabe-se lá por quê.
E a Globo comprou, à noite.
Do lado contrário, a oposição
também não se articulou bem e
jogou números conflitantes no
ar, de 100 mil, seu mínimo, a
130 mil. A Globo escolheu 100
mil. A Record, 130 mil.
Melhor fez a Cultura, aliás
com a mais extensa das coberturas, inclusive ao vivo:
- O protesto reúne um número grande de pessoas, embora haja discordâncias.
A confusão dos números, que
interessava aos dois lados, sustentou as avaliações contrastantes desejadas.
FHC nada falou, a não ser,
por intermediário, que o ato
serviu para unir sua "base".
ACM chamou a Globo para dizer que foi "um fracasso", não
atingindo nem 30 mil.
Lula estava eufórico, no palanque e fora dele, como se ouviu, só no rádio:
- Nós temos que dar sequência. Pelo menos uma vez
por mês, nas principais cidades, temos que repetir esta manifestação. Vamos fazer como
o Corinthians: arrasar cada
vez mais.
Lula, como João Pedro Stedile, do MST, estava exultante
com a capacidade de "organização" da oposição.
Um e outro lado, é claro, exageram. Certa mesmo, só a Cultura. Foi "um número grande".
E é só o começo.
E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br
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