São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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BANCÁRIOS

Ministro rebate crítica do PSTU, que o acusou de "trair" sua origem sindicalista

Berzoini vê "uso eleitoral" de greve

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, criticou a forma como a greve dos bancários está, segundo ele, sendo utilizada em discursos políticos com objetivos eleitorais. "A luta dos bancários, da qual eu faço parte, não pode ser condicionada por interesses eleitorais de curto prazo."
A greve dos bancários começou no último dia 15 e completa hoje 13 dias. A categoria quer 25% de reajuste e aumento real, e os bancos ofereceram 8,5% a 12,77%.
A declaração do ministro foi dada em resposta à afirmação feita por Dirceu Travesso, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT) e candidato do PSTU à Prefeitura de São Paulo, de que Berzoini "traiu a sua história" ao negar pedido de apoio do governo, feito por representantes sindicais, para intermediar as negociações por reajuste salarial.
"Ele [Travesso] é candidato a prefeito, e acho que, no momento, está bastante influenciado pela disputa eleitoral", afirmou Berzoini ao encerrar o 13º Congresso Sindical Comerciário do Estado de São Paulo, realizado na cidade de Praia Grande no sábado.
Berzoini foi bancário e ex-presidente do mesmo sindicato do qual Travesso hoje faz parte.
O PSTU veiculou na semana passada, inserções de propaganda eleitoral na TV em que usava a greve para criticar a política econômica do governo federal.
Na última sexta-feira, o ministro se reuniu com sindicalistas que buscavam apoio do governo nas negociações com os bancos. Segundo Berzoini, o governo está atento ao movimento, sabe que as partes ainda não chegaram a um acordo e que há um impasse.
"Não cabe ao governo apoiar ou deixar de dar apoio à greve. Cabe observar e preservar o interesse público. É através da livre negociação que se chega a um acordo."
Sobre a acusação feita por sindicalistas de que os bancos estão usando força policial para conter a greve, o ministro afirmou que esse fator deve ser supervisionado pelos governos estaduais. "O governo federal não tem nenhuma orientação de repressão à greve. Qualquer excesso da polícia deve ser encaminhado para as autoridades responsáveis." Na semana passada, houve confronto entre bancários e policiais militares.
Sobre a greve dos servidores do Judiciário, que já dura cerca de três meses em São Paulo, Berzoini afirmou esperar que o governador Geraldo Alckmin e os grevistas cheguem a um entendimento.


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