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GOVERNO NO AR
Gil, que ficou quase um terço deste ano no exterior, lidera ranking dos que viajaram com autorização de Lula
Ministros passam 713 dias fora do Brasil
JULIA DUAILIBI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alguns ministros têm tido especial atenção quanto à recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vender o país no exterior: neste ano, titulares das pastas somaram pelo menos 713 dias
no exterior somente em viagens
autorizadas pelo Planalto.
O ministro Gilberto Gil (Cultura) é quem lidera o ranking entre
os 29 titulares da Esplanada dos
Ministérios que tiveram autorização de Lula para deixar o país. Ao
todo, passou 75 dias fora do Brasil, o que representa quase um terço do ano no exterior.
A conclusão vem de levantamento feito pela Folha com base
no "Diário Oficial" da União, onde constam todas as autorizações
de Lula, de janeiro até a semana
passada, para que os ministros se
afastem do país. Não incluem,
portanto, viagens em comitivas
presidenciais, mas a autorização
do presidente para o ministro
participar de parte da viagem, o
que ocorre quando há agendas,
datas e custos distintos.
O chanceler Celso Amorim não
entra no ranking, pela natureza de
sua função exigir as viagens.
A grande maioria das viagens
ocorreu com ônus para os cofres
públicos, ou seja, a União paga as
passagens e as diárias dos ministros fora do país. Em quase todos
os casos, os ministros viajam
acompanhados de assessores.
No caso dos titulares de pastas
da área econômica, as viagens
dão-se para contatos com empresários e departamentos comerciais dos países. Já os da área social, para ida a fóruns e palestras.
Gil, por exemplo, está em viagem desde o dia 18. Passou por
Nova York, onde também deu palestra, com viagem paga pelo governo, e emendou uma ida ao México, onde faz shows, sem custo
para o governo. Terminará o tour
de 11 dias em Paris, onde se encontrará com representantes da
área cultural do país.
No mês passado, quando se discutia o polêmico projeto da Ancinav (criação da agência do audiovisual), a agenda de Gil inflou.
Passou quatro dias no México,
custeado pelo governo, para a
reunião de ministros da Cultura.
De lá foi a Lisboa para "compromissos particulares" e encontro
com a ministra da Cultura do
país, sem ônus para o governo.
Nos três dias finais, esteve em Berlim, com ônus governamental de
novo, para participar de reuniões
com personalidades da cultura.
Ainda fez três shows no Brasil.
Depois de Gil, no ranking dos
viajantes, vem a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff,
com 58 dias fora -segundo o ministério, foi desmarcada uma viagem de três dias para Austrália,
mas o cancelamento ainda não
saiu no "Diário Oficial".
Das idas ao exterior, Dilma ficou cerca de uma semana na China, onde participou de exposição
e se reuniu com autoridades.
Secretários
Secretários especiais, com status
de ministros, viajaram mais que
titulares de ministérios.
O secretário especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda,
computa 57 dias em viagens internacionais, sendo 10 dias entre Suíça e Espanha, países onde proferiu palestras. José Fritsch, secretário especial de Aqüicultura e Pesca, viajou mais que o ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan, que ficou 55 dias fora.
Ao todo, Fritsch esteve 57 dias
no exterior, sendo 16 dias na Europa, segundo o "Diário Oficial".
Márcio Thomaz Bastos (Justiça)
deixou o país por apenas cinco
dias. Matilde Ribeiro, secretária
especial de Políticas de Promoção
de Igualdade Racial, viajou seis
vezes mais que o titular da Justiça.
O governo federal não divulga
os custos das viagens, que contemplam diárias e passagens.
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