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Interesse por fotografias de dinheiro apreendido é zero, diz procurador-geral
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, defendeu a atuação da
Polícia Federal no escândalo do
dossiê contra os tucanos, particularmente a decisão de não divulgar fotografias do dinheiro
apreendido, e disse que até as
eleições não dará declarações
sobre apurações em curso porque elas poderiam ser utilizadas politicamente.
"Só falo depois das eleições.
Por que falaria agora? O Ministério Público não é protagonista nem deve influir no processo
eleitoral", afirmou ao chegar
ontem à reunião do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), da
qual participa regularmente.
Ele defendeu a decisão da PF
de não divulgar fotos do dinheiro apreendido com os petistas
Gedimar Passos e Valdebran
Padilha que seria utilizado para
pagar o dossiê contra tucanos,
dizendo que a imagem da
apreensão não tem nenhuma
importância nas investigações.
"Vocês querem saber da fotografia? O interesse do Ministério Público por ela é zero. O que
nos interessa na investigação é
que haja apreensão das cédulas
e que elas sejam descritas no
laudo [de perícia]." Antonio
Fernando negou que o silêncio
favoreça a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. "Ninguém está
preservando, protegendo ninguém", protestou.
Só o procurador-geral pode
tomar a iniciativa de investigar
presidente, ministros de Estado, senadores e deputados nas
suspeitas de crime, por causa
do foro privilegiado dessas autoridades no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Caberá a ele decidir se entrará ou não no TSE com ação de
impugnação do eventual novo
mandato de Lula por abuso de
poder durante a campanha no
caso do dossiê. Também depende dele denúncia criminal
contra os parlamentares acusados de participar do esquema
dos sanguessugas.
Além disso, ele definirá o
destino de uma queixa-crime
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) contra Lula no caso
do mensalão.
Ainda sobre o dossiê, o procurador-geral disse que a PF
cometeria erro se divulgasse a
imagem. "A PF agiu corretamente. Ela não age [de forma
correta] quando fotografa."
Reportagem publicada anteontem pela Folha mostrou
crítica do procurador da República em Mato Grosso Mário
Lúcio Avelar à demora da PF
em identificar a origem do dinheiro apreendido.
Avelar, que é o principal responsável por essa investigação
no Ministério Público, disse:
"Você tem que perguntar à Polícia Federal. A PF tem 12 mil
homens. Eu trabalho com três,
quatro pessoas".
Antonio Fernando não atacou o colega nem comentou se
há demora da PF em esclarecer
a origem do dinheiro. "Isso não
está na minha alçada."
(SILVANA DE FREITAS)
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