São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

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Interesse por fotografias de dinheiro apreendido é zero, diz procurador-geral

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, defendeu a atuação da Polícia Federal no escândalo do dossiê contra os tucanos, particularmente a decisão de não divulgar fotografias do dinheiro apreendido, e disse que até as eleições não dará declarações sobre apurações em curso porque elas poderiam ser utilizadas politicamente.
"Só falo depois das eleições. Por que falaria agora? O Ministério Público não é protagonista nem deve influir no processo eleitoral", afirmou ao chegar ontem à reunião do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), da qual participa regularmente.
Ele defendeu a decisão da PF de não divulgar fotos do dinheiro apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha que seria utilizado para pagar o dossiê contra tucanos, dizendo que a imagem da apreensão não tem nenhuma importância nas investigações.
"Vocês querem saber da fotografia? O interesse do Ministério Público por ela é zero. O que nos interessa na investigação é que haja apreensão das cédulas e que elas sejam descritas no laudo [de perícia]." Antonio Fernando negou que o silêncio favoreça a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ninguém está preservando, protegendo ninguém", protestou.
Só o procurador-geral pode tomar a iniciativa de investigar presidente, ministros de Estado, senadores e deputados nas suspeitas de crime, por causa do foro privilegiado dessas autoridades no STF (Supremo Tribunal Federal).
Caberá a ele decidir se entrará ou não no TSE com ação de impugnação do eventual novo mandato de Lula por abuso de poder durante a campanha no caso do dossiê. Também depende dele denúncia criminal contra os parlamentares acusados de participar do esquema dos sanguessugas.
Além disso, ele definirá o destino de uma queixa-crime da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra Lula no caso do mensalão.
Ainda sobre o dossiê, o procurador-geral disse que a PF cometeria erro se divulgasse a imagem. "A PF agiu corretamente. Ela não age [de forma correta] quando fotografa."
Reportagem publicada anteontem pela Folha mostrou crítica do procurador da República em Mato Grosso Mário Lúcio Avelar à demora da PF em identificar a origem do dinheiro apreendido.
Avelar, que é o principal responsável por essa investigação no Ministério Público, disse: "Você tem que perguntar à Polícia Federal. A PF tem 12 mil homens. Eu trabalho com três, quatro pessoas".
Antonio Fernando não atacou o colega nem comentou se há demora da PF em esclarecer a origem do dinheiro. "Isso não está na minha alçada." (SILVANA DE FREITAS)


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