São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

PSDB pede a TSE quebra de sigilos telefônicos de Berzoini e de Freud

O objetivo é demonstrar ligação entre eles, Gedimar e Valdebran, que também foram alvo de pedido

"A gente não quer ganhar nada no tapetão, mas deixar transparente o que está sendo escondido", afirma o presidente do partido


SILVIO NAVARRO
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) protocolou ontem na Justiça Eleitoral um pedido para que sejam quebrados os sigilos telefônicos do presidente do PT, Ricardo Berzoini, e de outros três envolvidos na compra do dossiê contra tucanos -o advogado Gedimar Passos, o petista Valdebran Padilha e o ex-assessor do Palácio do Planalto Freud Godoy.
A cinco dias da eleição, a coligação formada por PSDB e PFL alega que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) estaria retardando a divulgação de dados sobre o caso, à espera do primeiro turno, para não prejudicar a campanha de reeleição do presidente Lula.
A representação oficiada ontem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é extensão da ação protocolada na semana passada, que pedia investigação contra o presidente por abuso de poder econômico e político e a cassação do registro da candidatura ou de eventual novo mandato de Lula se comprovado sua ligação na tentativa de compra do dossiê.
A ação em curso no TSE se estende ao ministro da Justiça, a Berzoini, Freud, Valdebran e Gedimar. Os dois últimos foram presos pela Polícia Federal com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo para comprar o dossiê.
O pedido de quebra dos sigilos -de 5 de julho a 24 de setembro- foi entregue pelos presidentes do PSDB, Tasso Jereissati, e do PFL, Jorge Bornhausen, ao corregedor-geral eleitoral, Cesar Asfor Rocha.
"O que a PF tem que explicar, para não ficar a idéia de que enrolou a população à espera da eleição, é de quem era o dinheiro e de onde veio", disse Tasso. "A gente não quer nada no tapetão, mas deixar transparente o que está sendo escondido na investigação."
"É a operação-tartaruga comandada pelo ministro da Justiça, que vem atuando como advogado criminalista do governo", disse Bornhausen. O argumento de tucanos e pefelistas é que a abertura dos sigilos poderia demonstrar forte ligação de Gedimar e Valdebran com Freud, então assessor especial da Presidência, e com Berzoini, então coordenador-geral da campanha de Lula.
O prazo para Lula e os outros investigados entregarem ao TSE a defesa prévia na investigação judicial sobre abuso de poder no escândalo do dossiê contra candidatos do PSDB só deve terminar na segunda quinzena de outubro.
O presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, disse ontem que dificilmente a investigação será concluída neste ano. Segundo ele, após receber as defesas prévias, o corregedor-geral deverá ouvir Lula, na condição de candidato que poderia ter se beneficiado, e os acusados de tentativa de compra do dossiê.
Lula, Bastos e Berzoini foram notificados anteontem, mas o prazo de dez dias de que dispõem só começará a contar quando ocorrer a notificação do último dos seis investigados. Gedimar e Valdebran serão notificados por via postal, conforme ordenou Asfor Rocha.
Asfor Rocha recebeu ontem cópia do inquérito policial de Mato Grosso para apurar a responsabilidade criminal atribuída a Luiz Antonio Vedoin, Paulo Roberto Trevisan, Gedimar e Valdebran. Ele também determinou segredo de Justiça na investigação do TSE.


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