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ELEIÇÕES 2006 / JUSTIÇA ELEITORAL
PF não encontra grampo no TSE e no STF
Laudo do Instituto Nacional de Criminalística contesta relatório de empresa que apontava escuta em linhas de ministros
Marco Aurélio, presidente do TSE, afirma que quem fez grampos teve "tempo bastante" para retirá-los e ironiza versão da polícia
ANDRÉA MICHAEL
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal informou
ontem que não houve grampo
ilegal em linhas telefônicas do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nem do STF (Supremo Tribunal Federal). A conclusão se
baseou em um laudo elaborado
pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC).
Os grampos foram detectados pela empresa Fence Consultoria Empresarial Ltda que,
desde 2003, foi contratada pelo
TSE para fazer varreduras periódicas em linhas telefônicas
diretas utilizadas pelos ministros do tribunal.
Conforme o relatório da Fence, divulgado por meio da imprensa no dia 14 de setembro,
foram grampeados o presidente do TSE, o ministro Marco
Aurélio Mello, e os ministros
do tribunal Marcelo Ribeiro e
Cesar Peluso.
Dois dias depois, a PF instaurou inquérito para investigar o
caso, seguindo determinação
do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.
A perícia foi realizada nos dias
20 e 21 de setembro.
Conforme o relatório da Fence, a medição da freqüência de
linhas utilizadas e para as quais
o TSE determinou a varredura
na ocasião apontou a existência
de grampos nos telefones utilizados pelos ministros Marco
Aurélio e Peluso no STF, bem
como no aparelho de fax do gabinete do ministro do TSE
Marcelo Ribeiro.
Pelo contrato firmado com o
TSE em 2003, sem licitação
(com base em "notória especialização"), a Fence deve fazer
pelo menos uma varredura
mensal de linhas diretas utilizadas por ministros do tribunal
-entendimento que abrange
também a residências e os gabinetes daqueles que atuam no
Supremo.
Marco Aurélio ironizou a informação da PF sobre a inexistência de indícios de grampo e
defendeu a empresa Fence, que
detectou a interceptação e avisou ao TSE. "Faz de conta que
não houve grampo", protestou.
Marco Aurélio disse que
quem colocou o grampo teve
"tempo bastante" para retirá-lo
entre o momento em que o TSE
recebeu relatório da Fence,
com essa informação, e a varredura da PF, cinco dias depois.
"Eu soube que não encontraram nada, mas isso já era presumível. A coisa veio à tona na
sexta-feira, houve tempo bastante para aqueles que colocaram retirarem. A minha parte
eu fiz, que foi comunicar ao
procurador-geral e ao ministro
da Justiça e escancarar a mazela", disse o presidente do TSE.
"Continuemos no grande
âmbito do faz-de-conta. Faz de
conta que não houve grampo."
Ele admitiu a possibilidade
de a empresa Fence ter se equivocado, mas disse não acreditar
nessa hipótese.
Segundo a Polícia Federal,
mesmo que tenha havido um
tempo entre a divulgação e a
perícia não há nenhuma indicação do grampo. Por meio de
sua assessoria, a PF informou
ainda que, "uma vez identificado o grampo, a empresa deveria
ter preservado o local e imediatamente informado à autoridade policial, dois procedimentos
que não foram adotados".
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