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JANIO DE FREITAS
Outros apagões
O que se passa em torno da Agência Nacional de Aviação Civil não é melhor do que o conhecido de dentro dela
OS DIRIGENTES DA Anac, a
Agência Nacional de Aviação
Civil, forçados ilegalmente
pelo governo a renunciar aos seus
mandatos, são os mesmos que as
conclusões finais da CPI da Câmara
sobre o Apagão Aéreo, controlada de
modo absoluto pelo governo, isenta
de qualquer indiciamento. Ou o relatório foi feito pelo leal petista Marco Maia, e aprovado pela maioria governista da CPI, sob motivações suspeitas do governo; ou são suspeitos
os motivos da arbitrariedade do governo, em investida iniciada e desenvolvida sem qualquer investigação, para transferir de propriedade
os mandatos invioláveis e os poderes muito especiais da Anac. É um
apagão da lei.
Só instalada depois de assegurado,
ao fim de dois meses de discussões,
seu controle absoluto pelos governistas, a CPI procedeu a inquirições
e investigações durante cinco meses. Apesar disso, o capaz deputado
Marco Maia (muito cotado para a
presidência do PT) não indiciou
nem a ex-diretora Denise Abreu,
que se mostrou incapaz de contestar
sua responsabilidade pelo documento inautêntico que permitiu,
por decisão judicial, usos impróprios da pista de Congonhas.
A parte da ação da CPI que se tornou pública, porém, é mais do que
suficiente, por si só, para negar credibilidade a conclusões que nada
concluem.
O que se passa em torno da Anac
não é melhor do que o conhecido de
dentro dela.
Associados
O PSDB e o DEM compuseram-se depressa com o governo. A atitude cívica e ética de sustar a pauta de
votações desejada pelo governo,
com Renan Calheiros como presidente do Senado por apoio do Planalto e do governismo, exigia mais
do que jogo de cena. Os dois partidos ditos de oposição depressa
aceitaram, em troca da volta à pauta, o pretexto de discussões para
extinção do voto secreto, ao menos
nos casos de cassação. Mas o acordo não terá como impedir a protelação das discussões, conveniente a
Renan Calheiros.
Disse o líder do PSDB, Arthur
Virgílio, com sua exaltação habitual, que o acordo com o governismo "é mobilizador, é moralizador,
é ético, é bom para a imagem do Senado". Escapou-lhe dizer que também é pusilânime, é utilitário, é
pró-Renan, é mentiroso, logo, é o
oposto das boas qualidades citadas.
Ao final do trâmite da CPMF, que
estava mais ameaçado no Senado, o
levantamento das liberações de
verbas e concessões de cargos, desde agosto mais volumosas e mais
aceleradas pelo governo, permitirá
medir o tamanho do civismo, da
ética e da preocupação de muitos
parlamentares com a imagem do
Senado e da Câmara.
Entre eles
O dinheiro do valerioduto não tinha destinatário definido, em seus
jorros inaugurais na campanha do
PSDB em Minas. Beneficiário como candidato ao governo do Estado em 98, o senador Eduardo Azeredo disse algo muito grave em sua
entrevista à Folha de ontem: os comitês do então candidato à Presidência foram financiados, em Minas, com recursos da campanha de
Azeredo. Aqueles inflados por operações de Marcos Valério.
Aí está Fernando Henrique Cardoso posto entre os beneficiários
do valerioduto.
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