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Câmara adia votação sobre a Venezuela
Acordo tira o protocolo de adesão do país de Chávez ao Mercosul da pauta; deputados só votam agora no fim de outubro
Com o adiamento, as chances de o Congresso aprovar somente em 2008 a entrada do país vizinho no bloco aduaneiro aumentam
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta às repetidas declarações do presidente Hugo
Chávez, PT e PSDB fizeram ontem acordo para adiar até o fim
de outubro a votação do protocolo de adesão da Venezuela ao
Mercosul, retirando o texto da
pauta da Comissão de Relações
Exteriores da Câmara.
Com o adiamento aumentam
as chances de o Congresso Nacional aprovar somente em
2008 a entrada do país vizinho
no bloco aduaneiro. Chávez
pressiona publicamente por
aprovação até dezembro.
Além das polêmicas do presidente venezuelano, que na semana passada disse que "a mão
do império" atrapalhava o andamento do processo de adesão
plena, deputados do PSDB
apontaram pendências técnicas na negociação de tarifas e
acordos comerciais.
Estas pendências deveriam
ser discutidas por um grupo de
trabalho na semana passada,
mas a reunião foi suspensa pela
Venezuela. A embaixada do
país foi procurada ontem mas
não respondeu aos recados deixados pela reportagem.
"Vários pré-requisitos técnicos não foram cumpridos, o que
menos nos interessa é a pressa
do presidente Chávez", afirmou o líder do PSDB, Antonio
Carlos Pannunzio (SP).
Relator do protocolo, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) afirmou que o Itamaraty deve fornecer informações sobre as
reuniões técnicas nas próximas
duas semanas. Ele acredita que
a adesão será aprovada ainda
neste ano, o que contemplaria o
prazo dado pelo venezuelano.
"O presidente Chávez precisa dessa aprovação, todo presidente precisa saber onde está
pisando. Há várias questões em
negociação que, se não for
aprovada a adesão da Venezuela, terão sido perda de tempo."
O governo tem os votos necessários para aprovar o protocolo na Câmara, mas prefere
negociar com a oposição para
facilitar a tramitação no Senado, onde a base governista não é
maioria e lideranças da oposição prometem vetar o projeto.
O Tratado de Assunção, que
criou o Mercosul, não estabelece data limite para a entrada
plena de países no bloco, exige
somente a aprovação dos Congressos de todos os membros
-Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai- e do Congresso do
país que solicita a adesão.
Há, porém, o cronômetro político, que Chávez tenta constantemente acelerar por meio
de discursos polêmicos. Ele
chegou a dar um ultimato aos
Congressos do Brasil e do Paraguai, únicos que ainda não
aprovaram. Diante da reação
brasileira, Chávez recuou e disse que poderia esperar.
A adesão plena da Venezuela
ao Mercosul foi assinada em 4
de julho de 2006 e encaminhada ao Congresso no fim do ano.
Depois de aprovada pela Comissão de Relações Exteriores
o texto ainda passa pela Comissão de Constituição e Justiça e
pelo Plenário da Câmara. Depois, segue o mesmo trâmite no
Senado.
Segundo o deputado Arnaldo
Madeira (PSDB-SP), que articulou o acordo com o PT ontem, "esse tipo de questão não
pode ter prazo.
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