LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) protestaram na Assembléia Legislativa de São Paulo contra o governador do Estado, José Serra (PSDB).
Os cerca de 450 manifestantes vieram a pé do prédio do Incra, na zona oeste, até a sede do legislativo estadual, na zona sul. Não houve confronto com a polícia no caminho nem na chegada à Assembléia. O MST tinha um acordo com os deputados estaduais em prol da reforma agrária para a realização de ato a favor dos sem-terra no auditório Franco Montoro.
Eles foram recepcionados pelo deputado Raul Marcelo (PSOL). Depois, o líder do PT, Simão Pedro, abriu a sessão pró-MST e criticou o projeto de Serra, alvo dos manifestantes.
A proposta do governador, pronta para ser votada no plenário, prevê a regularização de propriedades acima de 500 hectares no Pontal do Paranapanema, área de conflito entre Estado e sem-terra.
Para o MST e o PT, as áreas são devolutas (propriedades do Estado, mas consideradas sem função) e deveriam ser destinadas à reforma agrária, não para grileiros (quem se apropria indevidamente de terra pública). O deputado Mauro Bragato (PSDB), um dos relatores da proposta, diz que o projeto visa acabar com um imbróglio porque a Justiça, segundo ele, não define se as terras são ou não devolutas. Ele afirma que a pessoa que alega ser dona da terra poderá pagar uma quantia ao governo ou ceder um pedaço da propriedade para a reforma agrária. O Estado, por sua vez, deixará de reivindicar posse. Simão disse que o PT tenta barrar o projeto. Depois do ato, o MST desocupou o Incra, invadido desde segunda.
O protesto faz parte de uma série de atos do MST em todo o país pela reforma agrária. No Rio Grande do Sul, cerca de 300 integrantes do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) invadiram uma agência do Banco do Brasil em Palmeira das Missões (374 km de Porto Alegre). Eles reivindicavam a renegociação de dívidas. Em Caxias do Sul, cerca de 600 integrantes do MST fizeram ato pela reforma agrária.