São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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SANTA CATARINA

Esperidião Amin e Luiz Henrique disputam a mais indefinida eleição do Estado nos últimos anos

Empate incentiva troca de acusações

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Os dois candidatos ao governo de Santa Catarina, o governador licenciado Esperidião Amin (PPB), 54, e o ex-prefeito de Joinville Luiz Henrique (PMDB), 63, disputam hoje a mais acirrada e indefinida eleição do Estado nos últimos anos, segundo mostram as pesquisas de intenção de voto.
A situação de empate técnico, registrada por todas as pesquisas no segundo turno, levou os candidatos a adotar posturas de fortes acusações de um e de outro lado. Na última semana da campanha, houve até discussões sobre o papel de cada um durante o regime militar (1964-85).
Esperidião Amin afirma que chega ao segundo turno, depois de quatro anos de governo, sem que a oposição "fizesse alguma acusação fundamentada" contra ele, o que seria "um atestado de boa administração".

Lula
O governador insistiu, nos últimos dias, em tentar desvincular o voto dos petistas da candidatura Luiz Henrique, apoiado em palanque, na última quarta-feira, por Lula. Nos programas eleitorais, um suposto eleitor de Lula enviava mensagem ao candidato petista justificando porque iria votar em Amin.
Já Luiz Henrique colou no petista. Nos últimos programas de TV e no horário nas emissoras de rádio, Lula apareceu pedindo votos para o ex-prefeito.
O caminho do peemedebista na campanha é curioso. Até o meio do ano, ele era um dos cotados para integrar como candidato a vice a chapa presidencial de José Serra (PSDB).
Depois, já candidato ao governo estadual, acabou por se distanciar da aliança nacional do PMDB porque Serra cortejou Amin.
As lideranças do PMDB se aliaram a Lula no fim do primeiro turno. Já Luiz Henrique embarcou na "onda Lula" no segundo turno. No Estado, a "onda" gerou uma das grandes surpresas: a eleição da petista Ideli Salvatti ao Senado, uma quase anônima no começo da disputa que ficou com a primeira cadeira para a Casa com quase tantos votos quanto Amin.
De acordo com Yan Carreirão, professor de pós-graduação do curso de sociologia política da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a disputa catarinense foi marcada pelo resultado dos ataques dos adversários ao governo Amin e pela aliança determinante que Luiz Henrique selou com os petistas.
"Quando os candidatos de oposição (PMDB e PT) começaram uma campanha mais agressiva contra o governador, ele tentou se defender, mas não conseguiu mudar o quadro, o que refletiu nos índices de intenção de voto. Até a boa avaliação que ele sempre teve no governo caiu nas últimas pesquisas", disse Carreirão.

Transferência
Em relação a Luiz Henrique, o cientista político avalia que "houve uma forte transferência dos votos" do petista José Frisch [que ficou em terceiro lugar no primeiro turno], para o peemedebista.
"Se o PT não tivesse tomado a decisão de pedir votos para o Luiz Henrique e o Lula não tivesse participado da campanha, talvez Amin tivesse mais facilidade."
O funcionalismo público, com grande força eleitoral em Santa Catarina, onde o Estado é o maior empregador, foi alvo de promessas dos candidatos. Amin acenou com o medo de atraso de salários em um novo governo do PMDB.
Na administração Paulo Afonso (PMDB), anterior a Amin no governo, os professores ficaram até três meses com salários atrasados.
Luiz Henrique tentou se desvincular da administração Paulo Afonso e prometeu equiparação salarial dos professores da rede estadual de ensino com os professores municipais de Joinville, que, segundo ele, "conseguiram os melhores salários do Estado".


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