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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU
Relatório que pede a cassação do mandato de Dirceu deve ser votado com conselho dividido
"Ilegalidades" são retiradas de processo; votação é hoje
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética da Câmara, Ricardo Izar
(PTB-SP), disse que colocará hoje
em votação o relatório que pede a
cassação de José Dirceu (PT-SP),
ignorando protestos da defesa.
A votação ocorrerá mesmo
após o STF (Supremo Tribunal
Federal) ter dado, anteontem, liminar considerando irregulares
partes do relatório.
Izar e o relator do processo, Júlio Delgado (PSB-MG), entenderam que basta suprimir do texto
as partes consideradas ilegais.
Membros do conselho foram
contrários à idéia.
Os advogados do deputado e
ex-ministro dizem que, depois da
sessão, entrarão com mais um
mandado de segurança no STF
pedindo a sua nulidade.
A decisão do STF manteve a tramitação do processo, mas considerou ilegal o uso de dados de
quebras de sigilos que foram obtidas na CPI sem a devida fundamentação jurídica.
Novo relatório
Para os advogados de Dirceu,
todo o ritual deveria ser repetido
na sessão de hoje: Delgado teria
de preparar novo relatório, fazer a
leitura e passar a palavra ao ex-ministro. Em seguida, seria aberto novo prazo para pedido de vista, mais uma vez pela deputada
Ângela Guadagnin (PT-SP).
"Se isso não ocorrer, haverá
uma ilegalidade, porque a decisão
do STF é clara. Vamos pedir na
Justiça a nulidade da sessão", disse o advogado José Oliveira Lima.
Guadagnin afirmou que pretende pedir vista novamente e que, se
isso não for possível, também "estudará medidas cabíveis".
Segundo Delgado, são três ou
quatro páginas a serem eliminadas, menos de 10% do total.
Segundo Izar, o relator do processo tem a prerrogativa de mudar seu parecer a qualquer momento, antes da votação. O relator
deve apenas fazer uma exposição
ao conselho explicando por que
teve que fazer as mudanças.
O assunto divide o conselho.
"Eu acharia prudente ler de novo
o relatório e abrir a possibilidade
de vista novamente", declarou
Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Após a votação do processo no
conselho, o caso segue para o plenário da Câmara. Essa última votação, secreta, define se o deputado será ou não cassado, e está prevista para o próximo dia 9.
Queiroz
O deputado Josias Quintal
(PSB-RJ) apresentou ontem parecer favorável à cassação do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG),
acusado de ter recebido R$ 453
mil do esquema montado pelo
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O presidente do
Conselho de Ética marcou para
terça-feira a votação do parecer.
É o terceiro relatório apresentado com voto a favor de perda de
mandato desde o início da crise
do "mensalão". O primeiro foi o
de Roberto Jefferson (PTB-RJ),
cassado em plenário no dia 14 de
setembro; o segundo, o de Dirceu.
Do total recebido por Queiroz,
R$ 350 mil seriam um repasse do
PT para o PTB. Os outros R$ 103
mil vieram por meio de uma contribuição da Usiminas que não foi
declarada à Justiça Eleitoral.
Queiroz esteve presente a sessão. Sobre os R$ 350 mil, ele argumentou que não lidou com o dinheiro. "Não toquei em nenhum
centavo", disse. Segundo ele, o dinheiro foi sacado por assessores
do PTB e repassado para a direção
nacional do partido. A doação da
Usiminas teria sido distribuída
para campanhas eleitorais de vereadores em Minas Gerais.
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