São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Com menos de mil pessoas, festa da vitória reúne amor, ódio e moradores de rua

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojas fechadas, noite de domingo, a praça Ramos de Azevedo, no centro, é tradicional refúgio de moradores de rua, cheiradores de cola e usuários de crack. Foi lá que, ontem, aconteceu a festa da vitória de Gilberto Kassab. Dos 3,8 milhões de votantes que escolheram o democrata, menos de mil (segundo a Polícia Militar) compareceram à festa.
Sem prática em "festas da vitória", o DEM paulistano usou uma trilha sonora eclética para animar os fiscais de urna e cabos eleitorais que reuniu na praça: tinha "Festa no Apê", de Latino (em ritmo de bate-estacas), "Me Leva" (na voz de Calcinha Preta), "Louvação ao Senhor Jesus" e, é claro, o hino de campanha. "Nesse a gente confia."
"Dona Marta, tira férias! Relaxa e goza", era a única faixa que se via. Foi levada por Elizeu Carlos de Souza, 49, funcionário público municipal, que chegou à rave de camionete, acompanhado por 15 crianças. Veio de Artur Alvim, bairro da zona leste. "Vou resumir o motivo por que fiz campanha para o Kassab: eu odeio a Marta", disse ele, que dançou com a faixa durante as três horas que ficou na festa.
Zefira Jovelina Souzas Santana, 58, moradora em Guaianazes, estava com 25 pessoas. "Cada um deles ganhou R$ 400 mensais para fazer a campanha e todos estão aqui para comemorar", explicou.
Ela tem uma ONG, a Associação Comunitária Fazenda do Carmo, que acabou de ganhar uma licitação para a construção de 80 moradias pelo CDHU em regime de mutirão. Também é uma das responsáveis pela distribuição do programa municipal do leite. "Amo Kassab", disse.
Às 21h, vereadores da aliança e subprefeitos subiram as escadarias do Teatro Municipal. Ao lado de Wadih Mutran, do partido de Maluf (PP), o tucano Ricardo Montoro era o mais eufórico.
Acenava todo o tempo para cabos eleitorais e habitués da praça, como se ele próprio fosse o vencedor nas urnas. "Ué, é ele que é o Kassab?", perguntou uma dama toda de vermelho, que parecia ter entrado na festa errada. Logo depois, estava fumando crack com meninos de rua.
O lugar é mesmo barra pesada de noite e muitos já tinham desistido de esperar. Mas às 21h30, Kassab chegou. Falou "muito obrigado" e mais alguma coisa que não se sabe porque o microfone falhou. Dez minutos depois, foi embora. Fim de festa.


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