|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Com menos de mil pessoas, festa da vitória reúne amor, ódio e moradores de rua
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Lojas fechadas, noite de domingo, a praça Ramos de Azevedo, no centro, é tradicional
refúgio de moradores de rua,
cheiradores de cola e usuários
de crack. Foi lá que, ontem,
aconteceu a festa da vitória de
Gilberto Kassab. Dos 3,8 milhões de votantes que escolheram o democrata, menos de
mil (segundo a Polícia Militar) compareceram à festa.
Sem prática em "festas da
vitória", o DEM paulistano
usou uma trilha sonora eclética para animar os fiscais de
urna e cabos eleitorais que
reuniu na praça: tinha "Festa
no Apê", de Latino (em ritmo
de bate-estacas), "Me Leva"
(na voz de Calcinha Preta),
"Louvação ao Senhor Jesus"
e, é claro, o hino de campanha.
"Nesse a gente confia."
"Dona Marta, tira férias!
Relaxa e goza", era a única faixa que se via. Foi levada por
Elizeu Carlos de Souza, 49,
funcionário público municipal, que chegou à rave de camionete, acompanhado por
15 crianças. Veio de Artur Alvim, bairro da zona leste. "Vou
resumir o motivo por que fiz
campanha para o Kassab: eu
odeio a Marta", disse ele, que
dançou com a faixa durante as
três horas que ficou na festa.
Zefira Jovelina Souzas Santana, 58, moradora em Guaianazes, estava com 25 pessoas.
"Cada um deles ganhou R$
400 mensais para fazer a campanha e todos estão aqui para
comemorar", explicou.
Ela tem uma ONG, a Associação Comunitária Fazenda
do Carmo, que acabou de ganhar uma licitação para a
construção de 80 moradias
pelo CDHU em regime de mutirão. Também é uma das responsáveis pela distribuição do
programa municipal do leite.
"Amo Kassab", disse.
Às 21h, vereadores da aliança e subprefeitos subiram as
escadarias do Teatro Municipal. Ao lado de Wadih Mutran,
do partido de Maluf (PP), o tucano Ricardo Montoro era o
mais eufórico.
Acenava todo o tempo para
cabos eleitorais e habitués da
praça, como se ele próprio fosse o vencedor nas urnas. "Ué,
é ele que é o Kassab?", perguntou uma dama toda de
vermelho, que parecia ter entrado na festa errada. Logo depois, estava fumando crack
com meninos de rua.
O lugar é mesmo barra pesada de noite e muitos já tinham desistido de esperar.
Mas às 21h30, Kassab chegou.
Falou "muito obrigado" e
mais alguma coisa que não se
sabe porque o microfone falhou. Dez minutos depois, foi
embora. Fim de festa.
Texto Anterior: Kassab segue à risca manual de marqueteiro Próximo Texto: São Paulo / Entrevista - Gilberto Kassab: Kassab prevê poucas trocas, mas admite que pode cortar Orçamento Índice
|