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OPERAÇÃO ANACONDA
Na Vara de juiz hoje preso foi arquivado processo em que estrangeiro era réu
PF apura elo entre italiano e acusados por quadrilha
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Surgiu novo alvo de investigação na Operação Anaconda. É o
empresário italiano Giancarlo
Nardi, que, para a Polícia Federal,
estaria intermediando a abertura
de conta bancária no Estado do
Vaticano a fim de movimentar recursos da suposta quadrilha acusada de manipular inquéritos policiais e sentenças judiciais.
Em meio aos documentos
apreendidos no apartamento de
Norma Cunha, ex-mulher do juiz
João Carlos da Rocha Mattos, no
dia 30 de outubro, a PF encontrou
bilhetes nos quais o empresário
oferece a abertura da conta.
Para o advogado de Norma Cunha, Paulo Esteves, não há delito
em cogitar de abrir conta no exterior: "Cogitar não é crime porque
o ato não foi consumado", diz.
Entre os quatro bilhetes encontrados, existe um, datado de 2 de
outubro de 1998, no qual o empresário menciona uma viagem
que faria ao Vaticano acompanhado por Cunha: "Caríssima
Norma, favor avisar o dia em que
gostaria de passar a escritura. Eu
gostaria que fosse antes da nossa
ida ao Vaticano. Favor informar.
Grato, Giancarlo".
Nardi
Pesquisa feita na internet indica
Giancarlo Nardi como representante do consulado da Itália em
Guarulhos (SP). Ele ocupou o cargo pelo menos até o ano de 2000.
O número do telefone celular que
surge da pesquisa ainda pertence
ao empresário italiano.
A reportagem tentou contatá-lo
na manhã e na tarde de ontem.
Nas duas primeiras ligações, atendeu uma mulher que se identificou como Nice. Disse trabalhar na
residência de Nardi e informou
que o empresário estava em viagem a Buenos Aires. À tarde, o telefone permaneceu desligado.
Em um dos bilhetes, desta vez
para um outro destinatário
-provavelmente Rocha Mattos,
segundo a PF-, Nardi afirma
que não há ilegalidade no procedimento e explica suas intenções
ao oferecer a conta: "Oxalá todos
pudessem ter conta lá... portanto,
não entenda de forma errada a
minha maneira de oferecer tal
conta, só para um grande amigo
como você, em troca de favores
recíprocos, como é o nosso caso".
O relatório do Departamento de
Inteligência da PF associa Nardi a
João Carlos da Rocha Mattos no
processo 199903990031580. O empresário era réu até 21 de março
de 2003, quando o caso, que tramitava na 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, cujo titular era
Rocha Mattos, foi arquivado. Não
foi possível chegar a seu conteúdo
devido ao arquivamento.
Entre os documentos apreendidos no dia 30, a PF encontrou cópia de laudo de exame contábil
das empresas Itália Veículos, Grupo OK, Benfica Pneus e Saenco.
Todas têm como principal sócio
Luiz Estevão (DF), cujo mandato
de senador foi cassado em 2000.
Os policiais investigam se a documentação tem ligação com a
atuação da suposta quadrilha revelada pela Operação Anaconda.
Estevão disse desconhecer tais
documentos. "Não tenho a menor idéia do que seja isso. Se é um
laudo, não foi feito por nós [das
empresas]", afirmou.
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