|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agente federal recebeu R$ 1,285 mi de seu sócio
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal encontrou na
casa do agente federal César Herman Rodriguez, em São Paulo,
dois cheques, de R$ 520 mil e R$
765 mil, do empresário Cícero
Viana Filho. Os dois cheques somam R$ 1,285 milhão.
A Polícia Federal suspeita que
Viana Filho tenha usado uma de
suas empresas para dar uma origem legal a dinheiro que a suposta
quadrilha de que Rodriguez faria
parte obtinha com a venda de
sentenças judiciais e de "facilidades" nos inquéritos policiais. Rodriguez e mais oito pessoas estão
presos na carceragem da PF em
São Paulo sob essas acusações.
Viana Filho é dono de uma rede
de revendas da Chevrolet, a Itororó (que tem sete lojas em São Paulo), de uma empresa de táxi aéreo
e de uma pedreira.
As duas últimas atividades, segundo análise da Polícia Federal,
são propícias à lavagem de dinheiro. Um delegado lembra que
Paulo César Farias, o tesoureiro
do ex-presidente Fernando Collor, lavava dinheiro que era extorquido de empreiteiros em uma
empresa de táxi aéreo.
Prédio na Angélica
Os dois cheques, do Unibanco e
do Santander, foram apreendidos
no último dia 30 de outubro no
sobrado em que Rodriguez vivia
na rua Diná, na Vila Nova Conceição, na zona sul de São Paulo.
Reportagem publicada pela Folha no último domingo revelou
que o empresário e o agente da PF
seriam sócios na construção de
um prédio de 15 andares na avenida Angélica, na região central de
São Paulo, segundo a versão de
Viana Filho. O empreendimento
já teria consumido investimentos
de R$ 8 milhões.
Para entrar como sócio do prédio em construção, o agente da PF
teria dado dois imóveis, os quais o
advogado de Viana Filho, Luiz
Fernando Pacheco, diz não saber
quais são. Ele afirma desconhecer
qual é a participação que o agente
tem no empreendimento em troca dos dois imóveis, localizados
em Moema (zona sul) e Santana
(zona norte de São Paulo).
Pacheco foi sócio de Márcio
Thomaz Bastos até este vender a
sua parte no escritório de advocacia para assumir o Ministério da
Justiça do governo petista de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Gravações feitas PF e documentos apreendidos mostram que
Rodriguez comportava-se como
dono do prédio. Na sala que o
agente mantinha em um escritório de advocacia na avenida Faria
Lima, por exemplo, a polícia
apreendeu demonstrativos de
gastos na obra.
É por causa da nebulosidade do
negócio e do fato de Rodriguez ter
um patrimônio incompatível
com o salário líquido de R$ 4.500
que ganha mensalmente que a
Polícia Federal suspeita dos cheques do empresário Viana Filho.
Levantamento feito pela Folha
mostra que o agente tem um patrimônio registrado oficialmente
de R$ 1,45 milhão e que para juntar esse montante ele teria de trabalhar na PF durante 25 anos sem
gastar nem um centavo.
Considerado pelo Ministério
Público Federal como um dos
mentores do esquema de venda
de sentenças, tráfico de influências e extorsão, Rodriguez integra
os quadros da PF há 14 anos.
O agente federal tinha a sociedade no prédio em construção e outros bens avaliados em R$ 880 mil
que não estavam em seu nome.
Segundo a PF, Rodriguez usava
como laranja a sua secretaria no
escritório de advocacia de Affonso Passarelli Filho, que também
está preso. Um dos apartamentos
que Rodriguez tem no Morumbi,
na zona sul, está em nome de Lisandra Gisella Vilela Chagas.
Texto Anterior: Operação Anaconda: PF apura elo entre italiano e acusados por quadrilha Próximo Texto: Outro lado: Cheques eram uma garantia, afirma advogado Índice
|