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NOVO GOVERNO
Expectativa de aumento de desemprego sobe
Cresce pessimismo sobre a economia
do Conselho Editorial
A crise internacional atingiu
pesadamente o
ânimo do brasileiro e fez subir
bastante o teor
de pessimismo
em relação à situação econômica, seja a pessoal,
seja a do país como um todo.
Qualquer que seja o ângulo escolhido, é eloquente a comparação
entre os números apurados nas
pesquisas do Datafolha feitas em
setembro e agora, nos dias 10 e 11
de dezembro. A saber:
1 - subiu de 41% para 48% a porcentagem dos que acreditam em
aumento da inflação;
2 - foi de 52% para 66% o número
dos que acham que o desemprego
também vai aumentar;
3 - pulou de 29% para 37% a porcentagem dos que temem perder
poder de compra;
4 - para 34%, a situação econômica geral vai piorar, 10 pontos
acima do índice registrado na pesquisa anterior;
5 - foi de 14% para 20% a porcentagem dos que acreditam que sua
situação econômica pessoal vai
piorar, a mais elevada cifra obtida
nos cinco levantamentos do Datafolha em que apareceu esse quesito.
Se os fatos, em 1999, derem razão
ao pessimismo do brasileiro ao se
encerrar 1998, o governo FHC corre o risco de séria deterioração em
seu prestígio.
Afinal, é justamente a condução
econômica a área de ação governamental que o público identifica como a mais bem sucedida.
Somando-se a economia no sentido geral (12%) com inflação (5%)
e com custo de vida (2%), tem-se
que 19% dos pesquisados elogiam
o desempenho do governo em assuntos econômicos.
São seis pontos percentuais acima dos que apontam educação como a área de melhor desempenho
do governo FHC.
É lógico deduzir que, se perder
pontos justamente no setor em
que é mais bem avaliado, o governo tenderá a perder pontos igualmente na sua popularidade em geral, hoje estacionada em 35% de
"ótimo/bom" para sua gestão.
A elevada porcentagem dos que
temem um aumento do desemprego combina à perfeição com o fato
de que emprego/desemprego é citado por 49% como o principal
problema do país.
Se excluídos os 8% que não sabem dizer qual é o principal problema brasileiro, tem-se que nem a
soma de todos os outros problemas (saúde, educação, fome/miséria, economia, segurança etc.) basta para ao menos empatar com a
questão do emprego.
A inquietação com a economia
não impediu, em todo o caso, que o
Plano Real continuasse muitíssimo bem avaliado: são 61% os que
aprovam o plano, três pontos acima do apurado em setembro.
Para 28%, o plano é apenas regular. A fatia de pesquisados que o
reprovam é de meros 10%.
Mas a aprovação do plano não
impede que praticamente três de
cada quatro brasileiros (ou 73%
exatamente) avaliem ter poder
aquisitivo insuficiente para a sua
sobrevivência.
Esse número torna dramática a
expectativa sobre o poder de compra no futuro imediato: aos 37%
que acham que ele vai diminuir, é
preciso somar os 38% que imaginam que vai ficar como está (e como está é pouco para 73%).
Logo, há 75% de pessimistas em
relação ao que vão poder comprar
nos próximos meses.
O acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), tido como
o remédio para evitar que a crise
econômica se tornasse ainda mais
aguda, tem a aprovação da metade
exata dos consultados.
Um terço reprova o entendimento (porcentagem que sobe para
46% entre os de nível educacional
superior), e o restante ou não opina ou é indiferente.
(CLÓVIS ROSSI)
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