São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 1998

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NOVO GOVERNO
Expectativa de aumento de desemprego sobe
Cresce pessimismo sobre a economia


do Conselho Editorial


A crise internacional atingiu pesadamente o ânimo do brasileiro e fez subir bastante o teor de pessimismo em relação à situação econômica, seja a pessoal, seja a do país como um todo.
Qualquer que seja o ângulo escolhido, é eloquente a comparação entre os números apurados nas pesquisas do Datafolha feitas em setembro e agora, nos dias 10 e 11 de dezembro. A saber:
1 - subiu de 41% para 48% a porcentagem dos que acreditam em aumento da inflação;
2 - foi de 52% para 66% o número dos que acham que o desemprego também vai aumentar;
3 - pulou de 29% para 37% a porcentagem dos que temem perder poder de compra;
4 - para 34%, a situação econômica geral vai piorar, 10 pontos acima do índice registrado na pesquisa anterior;
5 - foi de 14% para 20% a porcentagem dos que acreditam que sua situação econômica pessoal vai piorar, a mais elevada cifra obtida nos cinco levantamentos do Datafolha em que apareceu esse quesito.
Se os fatos, em 1999, derem razão ao pessimismo do brasileiro ao se encerrar 1998, o governo FHC corre o risco de séria deterioração em seu prestígio.
Afinal, é justamente a condução econômica a área de ação governamental que o público identifica como a mais bem sucedida.
Somando-se a economia no sentido geral (12%) com inflação (5%) e com custo de vida (2%), tem-se que 19% dos pesquisados elogiam o desempenho do governo em assuntos econômicos.
São seis pontos percentuais acima dos que apontam educação como a área de melhor desempenho do governo FHC.
É lógico deduzir que, se perder pontos justamente no setor em que é mais bem avaliado, o governo tenderá a perder pontos igualmente na sua popularidade em geral, hoje estacionada em 35% de "ótimo/bom" para sua gestão.
A elevada porcentagem dos que temem um aumento do desemprego combina à perfeição com o fato de que emprego/desemprego é citado por 49% como o principal problema do país.
Se excluídos os 8% que não sabem dizer qual é o principal problema brasileiro, tem-se que nem a soma de todos os outros problemas (saúde, educação, fome/miséria, economia, segurança etc.) basta para ao menos empatar com a questão do emprego.
A inquietação com a economia não impediu, em todo o caso, que o Plano Real continuasse muitíssimo bem avaliado: são 61% os que aprovam o plano, três pontos acima do apurado em setembro.
Para 28%, o plano é apenas regular. A fatia de pesquisados que o reprovam é de meros 10%.
Mas a aprovação do plano não impede que praticamente três de cada quatro brasileiros (ou 73% exatamente) avaliem ter poder aquisitivo insuficiente para a sua sobrevivência.
Esse número torna dramática a expectativa sobre o poder de compra no futuro imediato: aos 37% que acham que ele vai diminuir, é preciso somar os 38% que imaginam que vai ficar como está (e como está é pouco para 73%).
Logo, há 75% de pessimistas em relação ao que vão poder comprar nos próximos meses.
O acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), tido como o remédio para evitar que a crise econômica se tornasse ainda mais aguda, tem a aprovação da metade exata dos consultados.
Um terço reprova o entendimento (porcentagem que sobe para 46% entre os de nível educacional superior), e o restante ou não opina ou é indiferente. (CLÓVIS ROSSI)



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