|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGUNDO MANDATO
Novo ministro do Desenvolvimento afirma que incentivo à produção e estabilidade são compatíveis
Lafer nega atrito com equipe econômica
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
O ministro nomeado para a
nova pasta do
Desenvolvimento, Celso
Lafer, 57, argumentou ontem
não ter fundamento a previsão de que entraria
em atrito com a equipe econômica,
ao valorizar a produção e o emprego em lugar da estabilidade da
moeda e a paridade cambial.
"Teremos uma ampla margem
de manobra para favorecer a produção", disse ele por volta das 13h,
depois de visitar o governador Mário Covas, que convalesce no Incor
(Instituto do Coração).
Entre os instrumentos que disse
poder utilizar, Lafer mencionou o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a implementação de uma política industrial, maior capacitação
científica e tecnológica, e novos estímulos ao comércio externo.
Também disse não acreditar que
exista incompatibilidade entre sua
missão e a manutenção da inflação
próxima a zero. Qualificou os dois
objetivos como "focos" paralelos e
diferenciados do presidente Fernando Henrique Cardoso, que a
seu ver podem ser conciliados.
"Há espaço para que as duas
prioridades convivam como políticas do governo", afirmou.
Lafer ainda não havia se pronunciado sobre sua indicação ou discorrido sobre suas intenções.
Quando seu nome foi tornado público pelo Planalto, ele se encontrava em Genebra, onde chefia a
delegação permanente do Brasil
junto a organismos da ONU.
Nessa primeira entrevista, não
quis comentar a manifestação conjunta da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
com a Força Sindical, em que foi
contestada a ênfase que o governo
dá à estabilidade moeda, com tudo
o que isso pressupõe no sistema de
âncora cambial adotado pelo país,
como um câmbio prejudicial às exportações, estímulo insuficiente ao
emprego e diminuição da massa
salarial.
Indagado sobre essa postura, que
de certo modo tromba com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e
o presidente do Banco Central,
Gustavo Franco, o futuro ministro
do Desenvolvimento preferiu discorrer sobre a "enorme responsabilidade" da missão que lhe foi
confiada por FHC, e a argumentar
que não há incompatibilidade entre ela e a estabilidade do real.
Sobre a política industrial, disse
estar trazendo "alguns ingredientes úteis" que conheceu ao conviver, em Genebra, com "um tipo de
diplomacia concreta", voltado para as atividades comerciais, como
foi o caso com a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Lafer disse, por fim, ter pedido, e
obtido, o apoio de Covas para o
exercício de seu ministério.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|