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Ausência de Auschwitz é criticada
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A ausência de manifestações a
respeito dos 60 anos da libertação
de Auschwitz no 5º Fórum Social
Mundial provocou a irritação de
entidades judaicas, que viram na
omissão características de preconceito e uma contradição em
relação ao significado de justiça e
direitos humanos globalizados.
"É uma vergonha e os organizadores têm de dar uma explicação.
Se não dizem nada, é porque a
morte de 6 milhões de judeus não
representa nada para eles. Sem
dúvida, essa ignorância contraria
todos os princípios defendidos
pelo fórum", criticou o representante do Centro Simon Wiesenthal na América Latina, o argentino Sergio Vidder, para a Folha.
O campo de concentração de
Auschwitz foi invadido pelos soviéticos no dia 27 de janeiro de
1945. Chegaram a ser libertados
7.000 sobreviventes, mas ficou conhecida a crueldade do nazismo.
No último fórum em Porto Alegre, há dois anos, Vidder havia
criticado o tratamento dado pelo
evento para a questão judaica e o
que classificou como "maniqueísmo" de se preocupar só com a
questão palestina sem levar em
conta, segundo ele, a perseguição
aos judeus e a necessidade da
existência do Estado de Israel.
"Isso é decepcionante, mas não
uma surpresa. Oficinas do fórum
vêem como solução para o Oriente Médio o fim do Estado de Israel. Ao questionar o projeto do
Estado judeu em paz com seus vizinhos, ocorre racismo."
Vidder se expressou de forma
semelhante à do ministro das Relações Exteriores de Israel, Silvan
Shalom, que (conforme lembrou
em artigo de ontem na Folha a
embaixadora de Israel no Brasil,
Tzipora Rimon) disse no último
dia 24, em sessão na ONU: ""Para 6
milhões de judeus, o Estado de Israel veio tarde demais."
O idealizador do fórum, Oded
Grajew, se disse "indignado" com
as críticas e definiu como "incompetência" o Centro Simon não ter
organizado atividades. "O fórum
é aberto para quem quiser organizar atividades. Foi incompetência
deles", disse Grajew, judeu e que,
segundo diz, teve 90% da família
dos pais morta no Holocausto.
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