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AJUSTE FISCAL
Projeto aprovado ontem prevê superávit primário de R$ 16,3 bi; R$ 50 bi são destinados ao pagamento de juros
Congresso mantém cortes do Orçamento
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O Congresso
Nacional aprovou ontem o Orçamento de 99
mantendo os
cortes de R$ 8,7
bilhões definidos pelo programa de ajuste fiscal e com estimativa de superávit primário (receitas
menos despesas, exceto juros) de
R$ 16,3 bilhões neste ano.
A votação foi definida pelo voto
favorável de 301 deputados e 48 senadores. Votaram contra 81 deputados e 7 senadores. Apenas um
deputado se absteve.
O valor global do Orçamento,
sem contar a emissão de títulos para rolagem de dívidas ou pagamento de juros e novos financiamentos, é de R$ 201,2 bilhões, sendo que R$ 1,2 bilhão resulta da
criação de imposto sobre combustíveis, ainda fora da lista de votações da Câmara ou do Senado.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse que o
governo deverá modificar a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, por medida provisória, para permitir que
despesas dependentes desses recursos sejam mantidas na lei.
Segundo Inocêncio, o novo tributo deve ser proposto como uma
contribuição (e não imposto), para
permitir que sua cobrança seja iniciada ainda neste ano.
A alíquota usada para fazer a estimativa dessa receita no Orçamento foi 0,20% sobre o preço final ao consumidor. O dinheiro recolhido, de acordo com a proposta
do Orçamento, será destinado à
conservação de rodovias.
²
Transferência social
O artigo 4º do projeto de lei aprovado reconhece a transferência de
R$ 489 milhões da Seguridade Social para o Orçamento Fiscal, o
que, segundo o deputado Sérgio
Miranda (PC do B-MG), é ilegal.
O Orçamento fiscal é formado
por impostos e contribuições econômicas, enquanto contribuições
sociais devem ser usadas no Orçamento da Seguridade.
Outra ilegalidade, segundo Miranda, é o uso de R$ 240 milhões da
receita da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para o
pagamento de dívidas. Da arrecadação de R$ 420 milhões em taxas
de fiscalização, só R$ 180 milhões
estão destinados para a Anatel
acompanhar o serviço prestado
pelas telefônicas privatizadas.
O relator do Orçamento, senador
Ramez Tebet (PMDB-MS), movimentou R$ 5,3 bilhões para atender emendas coletivas (de bancadas estaduais e das comissões), individuais e dele mesmo durante a
fase de discussão do projeto.
A comparação das emendas de
bancada e de relator (incluídos os
relatores setoriais, que fazem pareceres prévios por área de despesa),
e que totalizaram R$ 3,3 bilhões,
indica que MG foi o Estado que
mais recebeu verbas do Congresso.
Para Minas foram destinados R$
279 milhões (8,5% do total das
emendas). Em seguida, aparecem
Bahia (R$ 237 milhões ou 7,2% do
total) e São Paulo (R$ 208 milhões
ou 6,3% do total).
Além dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade, o governo prevê pagamento de R$ 50 bilhões de juros,
parte coberto pelo superávit primário de R$ 16,3 bilhões.
Somente com a dívida externa o
governo vai gastar R$ 17 bilhões,
com juros e amortização.
Esse custo, entretanto, será
maior em razão da desvalorização
do real iniciada no último dia 13.
O Orçamento de Investimentos
das Estatais foi fixado em R$ 8,2 bilhões -R$ 6,7 bilhões nas ligadas
ao Ministério das Minas e Energia
e R$ 1 bilhões nas do Ministério da
Fazenda (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Banespa e
Banco do Nordeste do Brasil).
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