São Paulo, quinta, 28 de janeiro de 1999

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CÂMARA DOS DEPUTADOS
Parlamentar vai se despedir do Congresso hoje
Roberto Campos faz discurso de despedida para sua bancada

Juca Varella/Folha Imagem
O prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, cumprimenta o deputado Roberto Campos em reunião do PPB ontem


da Sucursal de Brasília

O deputado Roberto Campos (PPB-RJ) despediu-se ontem da bancada com um discurso que chamou de "retrospecto melancólico". Disse que a sua melancolia provém "do reconhecimento do fracasso de toda uma geração -a minha geração- em lançar o Brasil numa trajetória de desenvolvimento sustentado". Campos chegou a se candidatar na última eleição para uma vaga no Senado. Não se elegeu, ficando sem mandato.
Em homenagem que recebeu na liderança do PPB na Câmara, Campos antecipou pontos do discurso que fará hoje no plenário. Foi saudado pelo deputado Delfim Netto (PPB) como "o responsável pelo milagre brasileiro (ciclo de desenvolvimento no regime militar)". Participaram da homenagem os ministros Francisco Dornelles (Trabalho e Emprego) e Francisco Turra (Agricultura) e os prefeitos Celso Pitta (São Paulo) e Luiz Paulo Conde (Rio de Janeiro).
Campos disse que sua melancolia vem de uma "insuportável mesmice". "Quando cheguei ao Congresso, em 1983, os temas candentes do momento eram a moratória e a recessão. Dezesseis anos depois, os temas inquietantes voltam a ser a recessão e a crise cambial."
Afirmou que essa sensação de mesmice lhe fora transmitida por "dois velhos sábios", Eugênio Gudin e Tancredo Neves. "Gudin, o guru liberal da minha geração de economistas, queixava-se que o Brasil era a amante que ele mais tinha amado e que mais o corneara."
Relatou que Tancredo, nomeado primeiro-ministro, em 1961, pediu a ele um programa de governo em duas semanas. Tancredo disse: "Você é useiro e vezeiro em fabricar programas desde os tempos de Getúlio e Juscelino. No Brasil, os problemas não mudam; logo não mudam as soluções".



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