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ESTADOS
Financiamento a projetos em andamento será reestudado; medida é reflexo de negativa de aval do governo federal
Banco Mundial nega recursos a MG e RS
SHIRLEY EMERICK
da Sucursal de Brasília
O Bird (Banco
Mundial) vai
reestudar o desembolso de
US$ 208,9 milhões para projetos em andamento em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e
suspendeu novos empréstimos para os dois Estados.
A diretoria da instituição divulgou uma nota de esclarecimento
informando que adotou essa postura por causa da decisão desses
governos de não honrar integralmente seus compromissos com o
governo federal.
"O Banco Mundial não efetuará
novos empréstimos ao governo do
Estado de Minas Gerais enquanto
perdurar a presente situação, uma
vez que os mesmos requerem garantias do governo federal", informa o texto.
A representação da instituição
no Brasil informou que o mesmo
procedimento será adotado com
os projetos do Rio Grande do Sul.
Anteontem, o Rio Grande do Sul
pagou, na data do vencimento,
parcela de R$ 4 milhões devida ao
BID. "O governo federal tenta prejudicar projetos importantes, mas
vamos nos defender, garantindo a
sua continuidade. Nós pagamos
em dia", disse o secretário da Fazenda, Arno Augustin.
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), decretou
moratória por 90 dias e o governador do Rio Grande do Sul, Olívio
Dutra (PT), decidiu depositar em
juízo os valores das parcelas da dívida renegociada.
Em represália, o Ministério da
Fazenda divulgou uma nota afirmando que iria informar os organismos internacionais do risco de
inadimplência desses Estados.
No caso de Minas Gerais, os projetos com repasses adiados incluem a proposta de reforma do
Estado (modernização da máquina administrativa) e a pavimentação de rodovias estaduais. Esses
programas estavam em análise na
Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), no Ministério
de Orçamento e Gestão.
Já os projetos que estão em execução, o banco ainda irá decidir se
vai autorizar o desembolso das
parcelas restantes. "A instituição
continua analisando a situação dos
empréstimos já em andamento,
devendo pronunciar-se em breve a
respeito", complementa a nota.
Nesse caso, grande parte dos US$
208,9 milhões que faltam ser liberados é para o Rio Grande do Sul.
O Estado teria uma previsão de repasses de US$ 156,2 milhões. Os
dois programas que o governo tem
com o Bird estavam em fase inicial,
e o desembolso já efetuado é inferior a 10% do total do empréstimo.
O banco irá avaliar também se
vai repassar para Minas Gerais e
para o Rio Grande do Sul as parcelas referentes aos programas assinados com a União, mas com participação dos Estados.
Se forem bloqueadas as parcelas
restantes, por exemplo, ficarão
comprometidos o projeto de modernização dos hospitais, o Reforsus, que tem previsão de financiamento de US$ 300 milhões, e o
programa de combate à Aids e
doenças sexualmente transmissíveis, de US$ 165 milhões. Esses
dois programas estão com as liberações ainda no início.
Minas poderá perder recursos
para o projeto de irrigação do Estado, o Jaíba, que está em fase final
de desembolso. O total financiado
pelo Bird é de US$ 71 milhões.
Minas Gerais
O vice-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso (PMDB),
disse ontem que não há garantias
de que o Estado pagará a parcela de
US$ 108 milhões de eurobônus (títulos do Estado negociados no exterior), que vencem no dia 7.
"Ninguém está enxergando um
palmo além do nariz, a partir de
hoje. Tudo está em interrogação",
disse ele, que há duas semanas havia dito que o compromisso externo seria honrado.
Segundo ele, a crescente desvalorização do real inviabiliza todos os
pagamentos, tanto internos quanto externos. Chegou a dizer que
uma empresa dele também pedirá
moratória por falta de dinheiro para pagar uma prestação de US$ 220
mil da compra de um avião.
"Tinha dinheiro em real na conversão daquele dia (quando houve
a mudança na política cambial).
Agora eu vou pedir à Líder (empresa de táxi aéreo) moratória."
Colaborou a Agência Folha
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