São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

A síndrome da China

ft.com/Reprodução

O blog do "Wall Street Journal" não demorou para batizar a queda na bolsa de Xangai, que levou o globo, de "a síndrome da China". Na manchete do site o dia todo, era explicada pela realização de lucros antes de eventuais "tentativas do governo de esfriar alta". Para Nova York e o resto, outras razões eram acrescentadas, como as "angústias geopolíticas" com o Irã ou a redução nos pedidos de bens duráveis nos EUA. Ou o alerta de Alan Greenspan, ex do banco central, para uma "possível" recessão, notícia "+ lida" do "WSJ" de ontem. De seu lado, o "Financial Times" deu como motivações para a queda, da China aos EUA e Europa, "temores de supervalorização [nas ações] e de crescimento global menor e atritos com Irã". Além, claro, dos bens duráveis. Aqui e ali, em ambos e outros sites, observações na linha "a China lembrou todo o mundo de que há riscos nos mercados emergentes".
Demorou, mas a "síndrome" tomou as manchetes no Brasil. E o humor surrealista de Tutty Vasques, no iG, postou que "a proximidade do fim do mundo reduz o pedido dos bens duráveis" e agora "tudo é pra já".

NO BANCO CENTRAL
Quem não se abalou com a China, até pelo contrário, foi o presidente do Banco Central, ao ser questionado ontem por Aloizio Mercadante, dos sites às TVs. A Reuters espalhou pelo mundo que o episódio, para Henrique Meirelles, é "aviso de que não podemos basear as nossas políticas em sinais de euforia temporária".
O senador petista cobrou queda nos juros. O senador tucano Arthur Virgílio apoiou a estratégia de Meirelles.

E NO FMI
O "Valor" noticia que Paulo Nogueira Batista foi indicado por Lula para o FMI, o que vem ecoando nas agências, sem sequer ouvir Meirelles. Para o jornal, "ele chega a um Fundo em profunda crise", mas o "desafio é ser ouvido".
E o "FT" noticia que o FMI foi "duramente" criticado por uma comissão independente criada pelo próprio Fundo. O relatório, ontem, cobrou que deixe a ação nos países pobres apenas com o Banco Mundial.

TODA A POTÊNCIA
O serviço de monitoramento de mídia da BBC destacou a avaliação do uruguaio "El País", de que Lula "ouviu o que queria" em seu encontro com Tabaré Vázquez. Para os argentinos "Clarín" e "La Nación", ele "voltou mais tranqüilo a Brasília", em meio aos "sinais de coincidências políticas e comerciais". O também argentino "El Cronista Comercial" avaliou que ele "só esteve no Uruguai por seis horas, mas nesse tempo mostrou toda a potência de sua diplomacia" -a saber, investimentos de empresas estatais e privadas, créditos do BNDES "e até medicamentos".

O BISPO DOS POBRES
Larry Rohter foi a Assunção escrever o texto "Partido governista do Paraguai encara ameaça de bispo populista".
Dizendo que o monsenhor Fernando Lugo Méndez é "conhecido como o bispo dos pobres", o correspondente do "New York Times" perguntou se ele se alinha a Chávez. Ouviu elogios à distribuição de renda, mas também crítica à "falta de pluralismo, o que é perigoso para a democracia".

BUSH E PARAPOLÍTICA
O "Boston Globe" envia da Colômbia, com tradução no UOL, que, "a duas semanas de importante visita de George W. Bush à América Latina, a principal parceira dos EUA se vê envolvida num escândalo extraordinário que ameaça minar a aliança". Antes caiu a chanceler, agora foi-se o chefe da campanha de Álvaro Uribe. É a sombra dos paramilitares, que abraçaram a política. Como aqueles daqui, do Rio.

VIROU NOVELA
"Jornal Nacional" e os demais da Globo se prepararam para um dia de esforço concentrado, na campanha, mas a síndrome da China atravessou. Sobrou, para pressionar o Senado que discute hoje a redução da maioridade pautado por ACM, a novela das oito, que chega ao final nesta sexta.
Foi até submanchete ontem no G1, "o portal da Globo", "Realidade e ficção: Pais de João Hélio fazem apelo em Páginas da Vida". Realidade, ficção: é mistura consciente.

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@ - Nelson de Sá


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