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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Empresas temem ser citadas pela CPI dos Precatórios
Investigação faz mercado
rejeitar títulos municipais
da Reportagem Local
Os títulos da
Prefeitura de
São Paulo, emitidos para o pagamento de precatórios -dívidas, por exemplo com desapropriação, reconhecida pela Justiça- ``micaram'', ou seja, faltam
compradores definitivos.
Segundo a Folha apurou, cerca
de 90% das operações com esses títulos são compromissadas -os
papéis são vendidos pela instituição que os mantém em carteira
com data marcada para recompra.
Normalmente vende-se hoje para comprar de volta amanhã. Essa
operação é como um empréstimo.
A instituição que vende oferece
um juro pelo prazo em que o título
fica com o comprador, que tem a
garantia de que vai se livrar do papel e ganhar um juro para isso.
O risco para quem compra, portanto, é praticamente nulo. O Banco do Brasil, por exemplo, tem se
utilizado desse expediente para gerar dinheiro para saldar compromissos de curtíssimo prazo.
O BB administra o Fundo de Liquidez do município de São Paulo,
que tem R$ 437,74 milhões em títulos emitidos pela prefeitura.
Medo
O problema, segundo operadores ouvidos pela Folha, é menos de
credibilidade do papel do que de
receio da CPI. As instituições têm
medo de comprar definitivamente
o papel e acabarem citadas pela
CPI, o que é péssima publicidade.
Outro agravante é que o título
emitido para pagar precatórios só
pode ser rolado uma vez. Isso significa que a prefeitura só pode
emitir novos papéis para pagar títulos no primeiro vencimento.
No segundo, tem de pagar pelo
papel com dinheiro do Orçamento. A regra vale para títulos emitidos até dezembro de 95. A partir
dessa data é proibida a rolagem
dos papéis, ou seja: venceu, pagou.
A maioria dos títulos da prefeitura foi emitida até 95. Apenas uma
série de Letras Financeiras do Tesouro Municipal de São Paulo foi
emitida em junho de 96, com vencimento para junho de 2001. O valor de face (sem o desconto inicial)
do lote é de R$ 307,188 milhões.
A prefeitura emitiu R$ 3,615 bilhões (valor de face) em títulos para pagar precatórios de junho de
92 a junho de 96, período que inclui a gestão de Paulo Maluf com
Celso Pitta na secretário das Finanças.
(SILVANA QUAGLIO)
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