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ELEIÇÃO ENGESSADA
Documento a ser lançado por Lula na 3ª diz que submissão de FHC ao FMI deixa sistema "caótico"
Projeto do PT para energia restringe capital estrangeiro
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto para o setor elétrico
que o PT divulga na terça-feira é
intervencionista, nacionalista, defensor do modelo público e propõe a revisão de uma série de medidas implantadas pelo governo
Fernando Henrique Cardoso.
O documento-coordenado
pelo físico Luiz Pinguelli Rosa e
elaborado a pedido do Instituto
Cidadania para servir de base para o programa do petista Luiz Inácio Lula da Silva- afirma que a
política de privatizações e desnacionalização do setor fez com que
o país perdesse dinheiro com as
remessas de dividendos e transferências financeiras para o exterior
pelas empresas adquiridas por
grupos estrangeiros.
"Cabe às empresas estrangeiras
internalizar-se na economia nacional, realizando investimentos
no país com uma perspectiva justa de ganhos em moeda nacional,
sem taxas de retornos tão exageradas como as atuais nem margem de lucros que elevem demais
as tarifas, como acontece hoje, penalizando especialmente o consumidor residencial."
O texto afirma que o reinvestimento de uma parcela dos lucros
em projetos destinados a modernizar o sistema e expandi-lo será
"essencial" no novo modelo.
Entre as medidas a serem revistas por um eventual governo petista estão novas privatizações
que vierem a ser feitas em empresas como Furnas, por exemplo.
Há ainda a defesa do "retorno ao
regime de serviço público" de todas as empresas que foram transformadas em produtores independentes de energia. "Isso será
feito sem alterar a propriedade da
empresa geradora privatizada,
mediante renegociação dos termos contratuais", afirma o texto.
Os petistas pregam ainda que as
empresas privadas do setor elétrico tenham capital social com recursos "largamente" de origem
brasileira, incluindo os fundos de
pensão de empresas públicas.
Crítica
O documento acusa a equipe
econômica do governo FHC de
deixar como herança um "sistema caótico" de energia.
Afirma o texto que o governo,
em nome de uma política de proibição de investimentos dos recursos das empresas públicas de
energia para evitar aumento da
meta de déficit público acertada
com o FMI, "debilitou drasticamente o setor, abrindo caminho
para a privatização e financeirização" do sistema.
"As autoridades monetárias
brasileiras, para satisfazer à exigência de superávit nos termos
dos acordos firmados com o FMI,
resolveram impedir que as estatais investissem e recebessem empréstimos do BNDES para financiar projetos de expansão. Além
disso, confiscaram recursos que
poderiam ser aplicados como investimentos", acusa.
"As dificuldades criadas [pelo
governo] foram usadas como justificativas para convencer a sociedade de que as estatais elétricas tinham de ser privatizadas."
Afirmam os petistas que os argumentos eram que o Estado não
dispunha de recursos para expandir o sistema, papel que caberia ao
capital privado. Prometia-se que,
no ambiente competitivo do mercado desregulamentado, as tarifas
ficariam mais baratas. "Os fatos,
especialmente a crise de energia
elétrica de 2001, desmoralizaram
tais argumentos e derrubaram todas as promessas."
Autofinanciamento
Para os elaboradores do projeto,
as empresas públicas de energia
têm capacidade de levantar recursos de R$ 8 bilhões ao ano de seus
próprios caixas, o que comprovaria sua "elevada capacidade de autofinanciamento", com recursos
vindos de tarifas que, ao lado de
financiamentos nacionais e internacionais, permitiriam sua expansão sustentada.
Os petistas fazem uma comparação do custo da energia para o
consumidor brasileiro e para o de
outros países.
Os brasileiros chegam a pagar
US$ 100 por MWh, contra US$ 75
dos parisienses, US$ 63 dos noruegueses e entre US$ 60 e US$ 70
dos norte-americanos, segundo a
comparação do projeto.
O documento será divulgado na
terça-feira no Rio, em evento com
a presença de Lula.
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