São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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Proteção a indígena é exagerada, diz BNDES

DA SUCURSAL DO RIO

O diretor financeiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Roberto Timótheo da Costa, criticou ontem as exigências ambientais feitas nos contratos de empréstimos de instituições multilaterais, como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Bird (Banco Mundial). Para ele, a proteção aos índios é exagerada.
Segundo o executivo, os contratos de empréstimos "embutem" aspectos que são, "no mínimo, exóticos". Costa afirmou que, apesar de não estar ali para pedir "a extinção da fauna, da flora, de minorias e de comunidades indígenas", considera o Brasil "um exemplo para o mundo".
"Ninguém sabe, mas 12% do território nacional, de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, pertencem hoje a uma minoria de 250 mil indígenas", disse, em um seminário de bancos de desenvolvimento da América Latina sobre regras do Acordo de Basiléia, que limitam a exposição de bancos.
Costa afirmou que, como secretário-geral adjunto do extinto Ministério do Interior (governo José Sarney, 1985-1990), conheceu muitos índios. "Lembro, por exemplo, do cacique Marcos Terena [da etnia terena]. Ele fala inglês e é capaz de pilotar aviões. Mas é um indígena, e a única coisa que não tem da cidadania é que não vota. Mas também não paga Imposto de Renda."
O executivo atacou ainda restrições ambientais, como a que protege o "jacaré de papo-amarelo". Elas teriam provocado uma superpopulação do animal, em prejuízo de espécies importantes de peixes, como o tambaqui.
Para Costa, as regras do Acordo de Basiléia "dão um grande conforto à banca internacional". "Essas dificuldades [para o BNDES emprestar] me cansam, me irritam e me levam à loucura."


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