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CASO CC5
Amparado por liminares, ex-prefeito não assina termo e depoimento é suspenso por senadores
Pitta se recusa a jurar dizer a verdade em CPI
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O ex-prefeito de São Paulo Celso
Pitta se recusou ontem, por três
vezes, a assinar um termo de
compromisso para dizer a verdade em sessão da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) que
apura desvios de dinheiro para o
exterior por meio do Banestado.
Pitta foi convocado a depor
após sua ex-mulher Nicéa Camargo afirmar que ele tinha contas no
exterior. Documentos apresentados por Nicéa apontam que ele
movimentou US$ 1,5 milhão numa conta em Nova York. Outra
conta em seu nome foi aberta na
Suíça, mas os recursos foram
transferidos para paraísos fiscais.
Os parlamentares da comissão
queriam esclarecimentos sobre
essa movimentação bancária. Porém, logo que chegou ao Senado,
o ex-prefeito apresentou duas liminares concedidas pelo ministro
Cezar Peluso, do STF (Supremo
Tribunal Federal), que acabaram
inviabilizando o depoimento.
Na primeira, lida pelo presidente da comissão, senador Antero
Paes (PSDB-MT), ele ficava desobrigado a assinar um termo de
compromisso de dizer a verdade,
como prevê o Código de Processo
Penal para casos de depoimentos
de testemunhas. A segunda liminar mandava que a sessão acontecesse de forma reservada. Além
disso, garantia o direito ao silêncio de Pitta, impedindo que ele
fosse preso caso decidisse não responder a alguma pergunta.
Lida a primeira liminar, Paes
apresentou o termo de compromisso com a verdade, mas Pitta se
recusou a assiná-lo alegando que
a Justiça o proibia. O senador, então, tentou argumentar que, mesmo a Justiça tendo-o liberado desse compromisso, ele poderia, se
quisesse, assinar o documento. O
ex-prefeito não quis. Alegou que,
por orientação de seu advogado,
Celso Vilardi, estava impedido. A
senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) fez pedido semelhante e, novamente, a resposta foi a mesma.
A negativa de Pitta deixou os
parlamentares irritados. O deputado Edmar Moreira (PL-MG)
disse que "causa estranheza a
blindagem" com que o ex-prefeito revestiu-se. "Quem não deve
não teme", disse ele, que chegou a
sugerir ao presidente da comissão
não acatar a ordem judicial.
O senador Jefferson Peres
(PDT-AM) contemporizou, dizendo que o Congresso devia,
sim, acatar a decisão da Justiça,
mas criticou a opção de Pitta.
"Quando vossa senhoria recorre
ao Poder Judiciário para não prestar juramento, aumenta em nós a
dúvida sobre seus atos pregressos." Para ele, sem o compromisso, o depoimento perde a eficácia.
No início da noite, o presidente
da CPI entrou com recurso no
STF para cassar a liminar. Somente depois de nova decisão é que
será marcado outro depoimento.
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