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Em novo recuo, Temer diz que cota aérea cairá sem votação
Limitações sobre uso de passagens serão definidas pela Mesa Diretora e não pelo plenário
Decisão do presidente da Câmara foi após análise de que desgaste político seria grande se aprovada brecha para viagens de parentes
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com medo de uma derrota
no plenário e com ampla articulação com líderes partidários, o presidente da Câmara,
deputado Michel Temer
(PMDB-SP), afirmou ontem
que as limitações do uso de passagens agora devem ser feitas
por ato da Mesa, instrumento
administrativo que não precisa
passar pelo aval dos deputados.
O anúncio foi feito dois dias
após a divulgação de um projeto de resolução, avalizado por
Temer, que deveria ser colocado hoje na pauta de votação da
Casa. A análise foi a de que o
desgaste político seria muito
grande caso fosse aprovada alguma emenda que permitisse
que parentes usassem bilhetes.
Temer se reúne hoje com líderes e deve alegar que a nova
decisão é resultado de apelo
dos partidos e de um entendimento dos deputados que antes
criticaram as medidas.
"Tomei a decisão de levar a
plenário devido à reação, para
democratizar a decisão, mas
vou reunir os líderes", disse ele.
Hoje pode ser proposto o fim
da cota extra para lideranças
partidárias. O ato deve englobar a redução em 20% do atual
valor da cota, a limitação do uso
das passagens para parentes e
assessores e o limite de viagens
só para o território nacional.
Também não será mais permitido acumular cotas de um
ano para o outro e será obrigado divulgar viagens na internet.
A discussão sobre o uso das
passagens teve início após a revelação de que o deputado Fábio Faria (PMN-SP) usou a cota
aérea para bancar viagens de
sua ex-namorada Adriane Galisteu e de atores para Natal.
Além disso, ontem a Folha
revelou que o deputado Eugênio Rabelo (PP-CE) bancou
com verba da Casa 77 bilhetes
para jogadores, técnicos e dirigentes do Ceará Sporting Club,
entre outros. Segundo Temer,
o caso deve ir à corregedoria.
Uma comissão interna analisa outros dez casos. As investigações já detectaram que funcionava na Câmara um esquema de terceirização das cotas.
O caso do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) é um dos
investigados. Ele confirmou
que servidora de seu gabinete
admitiu que vendeu passagens.
O deputado, que demitiu a funcionária, nega participação.
A comissão foi instalada para
apurar o uso da cota de Paulo
Roberto (PTB-RS) e Fernando
de Fabinho (DEM-BA) pelos
ministros do STF Gilmar Mendes e Eros Grau.
Os gabinetes de Aníbal Gomes (PMDB-CE), Dilceu Sperafico (PP-PR), Vadão Gomes
(PP-SP), Otávio Leite (PSDB-RJ), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Vieira da Cunha (PDT-RS) também são investigados.
João Carlos Bacelar (PR-BA)
disse que pediu para a Câmara
apurar o uso de seu cartão fidelidade. Todos negam participação no esquema. O deputado
Vieira da Cunha (PDT-RS)
também afastou o responsável
pela emissão dos bilhetes.
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