São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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PF indicia Dantas e mais 5 do Opportunity

Além do banqueiro, a irmã dele e executivos do grupo foram indiciados sob a suspeita de terem cometido cinco crimes

Investigados dizem que não existem provas dos crimes atribuídos a eles; hoje outros quatro executivos deverão ser indiciados pela polícia


LILIAN CHRISTOFOLETTI
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal indiciou ontem o banqueiro Daniel Dantas por supostos crimes financeiros, lavagem e evasão de divisas e formação de quadrilha. Além de Dantas, também foram indiciados a irmã dele, Verônica, e quatro executivos do Opportunity -outros quatro deverão ser indiciados hoje.
O banqueiro e os demais investigados dizem não existir provas dos crimes atribuídos a eles (leia mais nesta página).
Dantas foi ontem, às 7h50, à sede da PF em São Paulo para depor, mas ficou calado por orientação da defesa. O mesmo procedimento foi adotado pelos demais executivos do grupo.
O indiciamento foi no principal inquérito da Satiagraha, operação deflagrada em julho pela PF, que prendeu à época, além de Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta -os dois últimos estão sendo investigados em inquérito paralelo.
O ato de indiciar representa a convicção do delegado Ricardo Saadi de que há provas suficientes para abrir um processo penal -não significa culpa nem condenação. Caberá ao procurador da República Rodrigo de Grandis pedir nova investigação ou oferecer acusação formal contra o grupo na Justiça. Se a denúncia for aceita pelo juiz, inicia-se o processo.
Para a PF, Dantas violou leis federais ao criar e manter um fundo de investimento em paraísos fiscais vedado para brasileiros, ao usar centenas de empresas em nome de laranjas e de testas de ferro para tentar confundir órgãos reguladores e ao não comunicar o Coaf (órgão de inteligência financeira do governo) sobre movimentações financeiras atípicas em contas bancárias de clientes.
Os crimes atribuídos a Dantas e aos demais indiciados são: gestão fraudulenta de instituição financeira, empréstimo vedado, evasão de divisas, lavagem de dinheiro proveniente de crime contra o sistema financeiro nacional e formação de quadrilha. As penas máximas somam 37 anos de prisão.
O governo brasileiro conseguiu bloquear contas de Dantas nos Estados Unidos (US$ 400 milhões), no Reino Unido (US$ 46 milhões) e em Luxemburgo (valor não informado). Ontem a defesa dele disse, sem dar detalhes, que os EUA liberaram parte dos valores. O Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a PF afirmaram que não há nenhum comunicado nesse sentido.
Além de Dantas e da irmã, foram ontem à sede da PF Arthur Joaquim de Carvalho, Danielle Silbergleid Ninnio, Eduardo Monteiro e Norberto Aguiar Tomaz. Hoje, deverão ser ouvidos e indiciados os executivos Carlos Rodemburg, Itamar Benigno Filho, Dório Ferman e Humberto Braz.
O delegado Saadi, que dirige o inquérito após a saída de Protógenes Queiroz, disse à Folha que não assumirá a direção nacional da divisão de crimes financeiros da PF. Havia rumores de que ele deixaria a investigação. Ele afirmou que fica em São Paulo para concluir sua tese de doutorado.


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