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PF indicia Dantas e mais 5 do Opportunity
Além do banqueiro, a irmã dele e executivos do grupo foram indiciados sob a suspeita de terem cometido cinco crimes
Investigados dizem que não existem provas dos crimes atribuídos a eles; hoje outros quatro executivos deverão ser indiciados pela polícia
LILIAN CHRISTOFOLETTI
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal indiciou
ontem o banqueiro Daniel
Dantas por supostos crimes financeiros, lavagem e evasão de
divisas e formação de quadrilha. Além de Dantas, também
foram indiciados a irmã dele,
Verônica, e quatro executivos
do Opportunity -outros quatro deverão ser indiciados hoje.
O banqueiro e os demais investigados dizem não existir
provas dos crimes atribuídos a
eles (leia mais nesta página).
Dantas foi ontem, às 7h50, à
sede da PF em São Paulo para
depor, mas ficou calado por
orientação da defesa. O mesmo
procedimento foi adotado pelos demais executivos do grupo.
O indiciamento foi no principal inquérito da Satiagraha,
operação deflagrada em julho
pela PF, que prendeu à época,
além de Dantas, o investidor
Naji Nahas e o ex-prefeito de
São Paulo Celso Pitta -os dois
últimos estão sendo investigados em inquérito paralelo.
O ato de indiciar representa a
convicção do delegado Ricardo
Saadi de que há provas suficientes para abrir um processo
penal -não significa culpa nem
condenação. Caberá ao procurador da República Rodrigo de
Grandis pedir nova investigação ou oferecer acusação formal contra o grupo na Justiça.
Se a denúncia for aceita pelo
juiz, inicia-se o processo.
Para a PF, Dantas violou leis
federais ao criar e manter um
fundo de investimento em paraísos fiscais vedado para brasileiros, ao usar centenas de empresas em nome de laranjas e
de testas de ferro para tentar
confundir órgãos reguladores e
ao não comunicar o Coaf (órgão
de inteligência financeira do
governo) sobre movimentações financeiras atípicas em
contas bancárias de clientes.
Os crimes atribuídos a Dantas e aos demais indiciados são:
gestão fraudulenta de instituição financeira, empréstimo vedado, evasão de divisas, lavagem de dinheiro proveniente
de crime contra o sistema financeiro nacional e formação
de quadrilha. As penas máximas somam 37 anos de prisão.
O governo brasileiro conseguiu bloquear contas de Dantas
nos Estados Unidos (US$ 400
milhões), no Reino Unido
(US$ 46 milhões) e em Luxemburgo (valor não informado).
Ontem a defesa dele disse, sem
dar detalhes, que os EUA liberaram parte dos valores. O Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a PF afirmaram que não há nenhum comunicado nesse sentido.
Além de Dantas e da irmã, foram ontem à sede da PF Arthur
Joaquim de Carvalho, Danielle
Silbergleid Ninnio, Eduardo
Monteiro e Norberto Aguiar
Tomaz. Hoje, deverão ser ouvidos e indiciados os executivos
Carlos Rodemburg, Itamar Benigno Filho, Dório Ferman e
Humberto Braz.
O delegado Saadi, que dirige
o inquérito após a saída de Protógenes Queiroz, disse à Folha
que não assumirá a direção nacional da divisão de crimes financeiros da PF. Havia rumores de que ele deixaria a investigação. Ele afirmou que fica
em São Paulo para concluir sua
tese de doutorado.
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