São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Ministro diz que há um "pânico instalado"

Uso do capital como "arma" eleitoral é terrorismo, diz presidente do STJ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Nilson Naves, criticou o uso do capital "como arma" para tentar reduzir chances de vitória de um candidato e classificou a prática como forma de terrorismo político.
Naves disse ontem que o noticiário recente dos jornais revelou "uma nova faceta de ameaça terrorista, a que utiliza o capital como arma". Ele disse que há "pânico instalado por intermédio da ameaça de fuga do capital no mercado para reverter tendência eleitoral considerada adversa".
O ministro fez essas afirmações na abertura do seminário "Terrorismo e Violência, Segurança do Estado, Direitos e Liberdades Individuais", no STJ. Ele negou que estivesse comentando o processo eleitoral, mas disse que esse tipo de terrorismo "é incompatível com a soberania das nações".
"É preciso rechaçar práticas de intimidação, venham de onde vierem. Mais ainda quando declaradamente visam ao lucro de poucos e pretendem atropelar a legítima expressão da vontade dos cidadãos", afirmou ele.
Naves disse que "a violência usa instrumentos diversos de coerção, mas todos têm, na base, o mesmo desprezo pelos meios legítimos de promover a mudança ou a manutenção da conjuntura socioeconômica".
Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil pode virar uma Argentina se os próximos governantes forem incompetentes. Dois dias depois, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jayme Henrique Chemello, disse que "os políticos estão usando o medo das pessoas, como a situação da Argentina e a violência, para conseguir apoio e ganhar as eleições".
O presidente do STJ citou afirmação do professor da Universidade de Turim Luigi Bonanate: "Diante de duas partes que não se comunicam ou que se recusam a se reconhecer como interlocutores, parece não haver outra solução além do choque produzido por uma ação terrorista".



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