São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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Polícia intima fazendeiro do Pontal a depor sobre sem-terra baleados

Benedito de Godoy/"O Imparcial"
Sem-terra deixam fazenda Ponte Funda, em Presidente Epitácio


CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

A Polícia Civil informou ontem que intimou Samir Jubran, sócio da Jubran Engenharia e Agropecuária, para prestar esclarecimentos sobre o incidente ocorrido anteontem na fazenda Ponte Funda, de propriedade da empresa, em Presidente Epitácio (SP), no Pontal do Paranapanema.
No episódio, sete integrantes do Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra) foram baleados durante tentativa de invasão no imóvel. Dois sem-terra atingidos de raspão no pescoço e na nuca tiveram alta médica ontem.
A polícia quer saber de Jubran quem atirou nos sem-terra e se a empresa mantém seguranças com armas de uso restrito como as de calibres 12 e 44, possivelmente utilizadas na ação.
Ontem, Fiorese abriu o inquérito de tentativa de homicídio e disse ter identificado o veículo usado na fuga dos supostos atiradores, uma camionete Ford F-10.
A polícia, diz Fiorese, também vai apurar as responsabilidades da invasão. Segundo ele, três homens encapuzados e com espingardas surgiram durante a invasão, começaram a atirar e, em seguida, fugiram na camionete, que não foi encontrada.
"Ainda não podemos falar que são funcionários da fazenda. Em depoimento, seis empregados negaram participação", disse.
Samir Jubran não foi encontrado pela Agência Folha para falar sobre o assunto. Seu sócio, o engenheiro Luiz Antônio Vecchia, disse que o carro não é da fazenda e que os tiros não partiram de funcionários. "Nossos funcionários não estão armados."
Vecchia acusa os sem-terra de terem simulado o incidente. "Acho que eles [sem-terra] mesmos atiraram entre si. Eles têm que achar um mártir e estão posando de coitadinhos que lutam pela terra, mas a maioria é marginal, tem casa e carro, não tem nada de sem-terra, não", afirmou.
O líder nacional do Mast, Lino Macedo, disse ontem que, apesar do episódio, a fazenda poderá ser invadida novamente em breve.

Lei
A lei garante ao proprietário o direito de defender a sua posse, mas a ação de defesa deve ser proporcional à ameaça sofrida, de acordo com advogados ouvidos pela Agência Folha. A proporcionalidade da reação, no entanto, tem que ser analisada em cada situação específica.


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