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ENCONTRO DE GUADALAJARA
Ataque à tortura no Iraque e ao unilateralismo do governo americano é ponto de divergência; Fidel não foi e criticou o evento
Cúpula começa dividida sobre crítica aos EUA
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A GUADALAJARA
Sob a enorme sombra do vizinho EUA, começa hoje, em Guadalajara, no México, a 3ª Cúpula
América Latina e Caribe-União
Européia. Participam representantes de 58 países (33 deles enviaram chefes de Estado ou de governo). O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva chegou a Guadalajara às 18h50 (horário local).
Até o fechamento desta edição,
as delegações ainda não haviam
chegado a um consenso sobre a
declaração final da cúpula. Dois
temas emperravam a aprovação:
a inclusão ou não de um parágrafo condenando a tortura de presos iraquianos e de uma crítica
mais aberta aos EUA em um trecho que defende o multilateralismo nas relações internacionais.
O ministro brasileiro Celso
Amorim (Relações Exteriores)
não quis dizer se o Brasil defenderá a condenação da tortura no Iraque. "O Brasil é contra a tortura
em geral", limitou-se a afirmar.
Em entrevista coletiva ontem de
manhã, o chanceler mexicano,
Luis Ernesto Derbez, disse que
ainda faltavam "uns quatro, seis,
oito, nove parágrafos" para serem
discutidos à tarde. "Há dois parágrafos que tratam de uma discussão relevante: um pedido da
América Latina a respeito da
preocupação que temos com medidas unilaterais adotadas por
países específicos", disse Derbez.
"A União Européia quer colocar
uma descrição geral, e queremos
colocar uma específica", disse. O
específico, no caso, é a lei americana Helms-Burton, de 1996, que
prevê medidas judiciais contra
empresas de outros países que
usem em Cuba instalações expropriadas dos EUA, inclusive de cidadãos cubano-americanos.
Em entrevista à tarde, o chanceler cubano, Felipe Pérez Roque,
disse que "alguns da União Européia têm mostrado reticências
que não entendemos".
Encontros de Lula
Além de Lula, participam do
encontro os presidentes Jacques
Chirac (França), Hugo Chávez
(Venezuela), Álvaro Uribe (Colômbia), Alexander Kwasniewski
(Polônia), o chanceler (premiê)
alemão, Gerhard Schröder, e os
premiês José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha) e Bertie Arhen
(Irlanda), que ocupa a Presidência rotativa da União Européia,
entre outros.
Hoje, Lula tomará café da manhã com o socialista Zapatero. Será o primeiro encontro entre os
dois depois da posse do espanhol.
Depois, o brasileiro se reunirá
com Schröder, Chirac e Carlos
Mesa, da Bolívia. Com Vicente
Fox, do México, o presidente vai
se encontrar às 13h40. A volta de
Lula ao Brasil está prevista para
hoje à noite.
Da Europa, a principal ausência
será a do premiê britânico, Tony
Blair, aliado dos EUA na Guerra
do Iraque. Entre os presidentes latino-americanos, as maiores ausências serão do presidente argentino Néstor Kirchner (doente)
e do ditador cubano, Fidel Castro.
Mesmo sem corpo presente, Fidel já é um dos principais personagens da cúpula -em razão da
recente crise diplomática entre
México e Cuba. Em nota para justificar sua ausência, o cubano declarou que a cúpula é "carente de
conteúdo" e criticou a União Européia por ser "cúmplice dos
EUA" contra Cuba.
Aliado de Fidel, o venezuelano
Hugo Chávez também deverá receber atenção, já que neste fim de
semana a oposição ao seu governo fará uma ampla campanha para que sejam revalidadas assinaturas em favor de um referendo
sobre sua saída do poder.
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