São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Aliança na disputa paulistana incluiria ainda o PDT e o PPS; objetivo do bloco é contrapor-se a Serra, Marta e Maluf

Erundina articula "4ª via" com PMDB em SP

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dirigentes do PMDB, PSB, PDT e PPS se reunirão nesta segunda-feira em São Paulo para discutir a viabilidade de uma aliança entre eles na eleição paulistana. A intenção é criar uma "quarta via".
Ou seja, formar uma frente ampla para tentar evitar que o debate eleitoral paulistano só gire em torno de José Serra (PSDB), Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP), como tem acontecido até agora.
O ex-ministro Serra, a prefeita Marta e o ex-prefeito Maluf tiveram, de longe, maior intenção de voto na pesquisa Datafolha publicada no último domingo em relação aos demais pré-candidatos. O tucano liderou com 26%. Marta e Maluf obtiveram 20% cada um.
Membros do PMDB, PSB, PDT e PPS temem ficar fora da mídia e do debate eleitoral se não se unirem. Caso vingue a idéia de aliança, o segundo e mais difícil passo será discutir a cabeça da chapa. Hoje, o nome mais forte é o da ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina (PSB), que teve 11% no Datafolha -uma marca, por sua vez, bem superior às dos pré-candidatos de PMDB, PDT e PPS.
O sindicalista Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, marcou 3%. O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, obteve 1%. E o deputado estadual Arnaldo Jardim (PPS) não chegou a 1%.
Apesar de a posição na pesquisa fazer de Erundina a favorita para encabeçar a chapa, outros nomes não estão descartados. "Não queremos discutir nomes agora porque atrapalha. Primeiro, é hora de formar a frente de centro-esquerda para dar alternativa a quem quer discutir os problemas da cidade", diz a própria deputada.
A idéia nasceu numa conversa dela com Temer, na semana passada. O pré-candidato peemedebista sugeriu a ampliação de uma eventual aliança e procurou Paulinho, com quem tomou café da manhã ontem. "Se fizermos uma discussão que deixe a escolha do nome para um segundo momento, a frente dará certo e encontrará espaço na eleição", afirma Temer.

Presença de caciques
Após falar com o pré-candidato do PDT, Temer conversou por telefone com o presidente nacional do partido, Leonel Brizola, que aceitou na hora ir ao encontro de segunda. O peemedebista também convidou Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista e político que controla o partido no Estado, que confirmou presença.
Erundina, por sua vez, entrou em contato com os presidente do seu partido, Miguel Arraes, e do PPS, Roberto Freire. "O Arraes gostou da idéia e me disse que vem para a reunião de segunda. O Freire falou que estará no exterior, mas disse que mandará um representante do PPS", disse.
"O Serra, que vai defender o governo FHC, e a Marta, que vai defender o governo Lula, são as duas faces de uma mesma moeda. Querem fazer da prefeitura trampolim para projetos futuros e deixarão os problemas da cidade em segundo plano", ataca Erundina.
Segundo ela, Marta quer um vice do PT em sua chapa para poder deixar a prefeitura e disputar o governo do Estado em 2006, o que a prefeita nega. A pré-candidata do PSB diz que Serra também pretende concorrer ao governo paulista ou à Presidência em 2006, o que o tucano também nega.
Para Temer, a eventual união dessas quatro legendas criaria um "fato de impacto" capaz de entrar no debate entre Marta, Serra e Maluf. Mais: uma eventual aliança daria tempo de TV suficiente ao candidato para tentar reverter a desvantagem em relação aos três postulantes mais bem posicionados na pesquisa Datafolha.


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