|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PMDB põe aliado de Renan na presidência de conselho
Leomar Quintanilha assume o órgão que conduz processo contra presidente do Senado
Dia marcado por várias negociações e reviravoltas acaba com convite a Renato Casagrande (PSB-ES) para assumir relatoria do caso
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após mais de 12 horas de negociações e várias articulações
frustradas, PMDB e PT se uniram na noite de ontem para
eleger o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado do
presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), como presidente do Conselho de Ética.
Candidato de última hora,
Quintanilha derrotou o líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM),
por 9 votos a 6. Dos 16 membros do conselho, o senador
Jefferson Péres (PDT-AM) foi
o único que não apareceu -ele
não tem suplente. Foi uma vitória da maior bancada da Casa,
o PMDB, que tem 20 integrantes, com o respaldo do PT, que
se recusou a entregar a presidência do conselho à oposição.
Pouco antes da votação, os
dois postulantes ao cargo usaram táticas similares mirando
dois votos considerados "indefinidos". Virgílio anunciou que,
se eleito, indicaria o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) para
relatar o processo contra Renan. Em seguida, Quintanilha
rebateu anunciando que queria
Renato Casagrande (PSB-ES)
ocupando o posto.
Após ser surpreendido com a
indicação, Casagrande pediu
prazo até hoje para responder
ao convite, mas sinalizou que
deve aceitá-lo. "Minha posição
é que pudéssemos aprofundar
as investigações de fatos correlatos à denúncia", disse, sinalizando que poderá ampliar as
apurações. A próxima sessão do
conselho será na terça.
Apesar de ter sido uma saída
para somar um voto, a indicação de Casagrande é considerada uma opção de risco, já que
ele foi um dos que cobrou o
aprofundamento das investigações que envolvem Renan.
Quintanilha fez um breve
pronunciamento no qual prometeu conduzir o processo
contra Renan "pelos ditames
do regimento e da Constituição" e que assumia o "compromisso com a verdade". "Acolho
como uma missão", disse.
Quintanilha é um dos senadores que mais trocaram de
partidos na Casa. Fazendeiro,
ele migrou do PMDB para o PC
do B em 2005. Voltou ao PMDB
no ano passado. Antes, fez parte do extinto PFL, sigla que deixou em 2003. Foi presidente da
Arena, partido de sustentação
da ditadura militar, em Araguaína, em 1976, e eleito deputado federal pelo PDS (sucessor
da Arena, em 1988).
Do outro lado, Virgílio fez um
pronunciamento duro, afirmando que "soluções domésticas não vão resolver a crise que
se instalou no Senado". "Três já
renunciaram, não queremos
ver um quarto", disse, em alusão aos dois relatores que deixaram o posto, Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Wellington
Salgado (PMDB-MG), e o ex-presidente do conselho Sibá
Machado (PT-AC).
A eleição de Quintanilha,
consumada por volta das
22h30, foi o desfecho de um
impasse que se arrastou por todo o dia e dominou corredores
e até o plenário da Casa. Até as
21h não havia definição nem
sequer se a sessão de votação
ocorreria na noite de ontem.
Após a renúncia de Sibá, a
oposição se articulou e lançou o
nome de Virgílio. O DEM
apoiou a proposta. O tucano,
então, entrou na vaga de titular
do conselho no lugar de Marisa
Serrano (PSDB-MS).
Ao sugerir seu próprio nome,
Virgílio tentou ainda uma jogada, propondo que Aloizio Mercadante (PT-SP) ingressasse no
conselho para ser o relator.
Nos bastidores, a avaliação
era que se costurava uma estratégia conjunta, com o dedo do
governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), aliado de Renan, para escolher um relator
com respaldo na Casa e disposto a enviar o caso ao Supremo
Tribunal Federal. Teotônio esteve no Senado ontem. Mas a
engenharia não durou muito:
Mercadante tentou inverter o
cenário e se dispôs a aceitar a
presidência do conselho, mas
não a relatoria. "A relatoria é de
um caso, mas a presidência seria por dois anos", afirmou a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).
A partir daí, as negociações
migraram para o plenário. Da
cadeira da presidência, Renan
participou das articulações enviando recados e bilhetes.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Senador diz ser vítima de uma mídia "fascista" Índice
|