São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Comissão identifica 10 locais para escavações no Araguaia

Busca durou 20 dias; sete pontos são descartados porque têm solo muito alterado

Próxima etapa de trabalhos começa dia 10, com equipes formadas por um geólogo, dois antropólogos forenses, militares e observadores


Joel Silva/Folha Imagem
Militares medem terreno para futuras escavações em busca de ossadas de guerrilheiros, em São Domingos do Araguaia, no Pará

PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA (PA)

Após 20 dias de buscas, a comissão que procura ossadas de militantes de extrema esquerda mortos na guerrilha do Araguaia (1972-1975) decidiu fazer escavações em dez locais.
Os trabalhos começam no dia 10 de agosto e devem durar até novembro. Sete pontos foram descartados, mesmo aqueles em que havia relatos de que corpos foram deixados lá.
A decisão foi tomada porque o local já foi muito alterado, por tratores e queimadas, e a localização seria impossível, como na região de Caçador, onde os corpos dos guerrilheiros haviam sido cobertos apenas por folhas, segundo o mateiro que ajudou a carregar os mortos.
Ontem foi o último dia de buscas na região. Desde o início de julho, um grupo formado por cerca de 30 pessoas, entre militares, antropólogos forenses, geólogos, historiadores e observadores percorreu o Araguaia para analisar pistas, relatos e indicações de locais onde poderia haver restos mortais.
O comboio de 15 camionetes, com jipes militares no início e no fim, movimentou a região, com olhares curiosos de moradores sempre nas portas das casas de barro e telhado de palha pelas estradas de terra que o grupo percorreu.
Num dia, o Exército deslocou um helicóptero de Manaus, a sete horas de voo e um custo de R$ 140 mil, para chegar a lugares de difícil acesso, como a serra das Andorinhas, próximo a São Geraldo do Araguaia.
A próxima etapa de buscas terá equipes formadas por dois antropólogos forenses e um geólogo, acompanhadas por militares e observadores.
Um exemplo de como funciona o grupo aconteceu na Clareira do Cabo Rosa, onde podem estar enterrados de quatro a oito guerrilheiros.
Um mateiro, levado por integrantes do grupo, mostrou o local aproximado. Um militar indicou, do ponto de vista do Exército, onde seria a clareira.
Um geólogo disse que, pelo tipo de solo, as covas não estariam a mais de um metro de profundidade. Peritos do IML do Distrito Federal disseram ser possível analisar restos mortais encontrados ali. É um dos locais onde haverá buscas.
Um dos equipamentos que vão ditar o ritmo das escavações é o GPR, uma espécie de radar de solo que detecta alterações sob a superfície.
Onde a máquina apontar que há fragmentos (ela não identifica se são ossos), deverão ser feitas escavações.
Até hoje, as ossadas de apenas dois guerrilheiros foram identificadas, a de Maria Lúcia Petit e a de Bergson Gurjão Farias -reconhecido apenas neste mês, depois da realização de testes de DNA.
Já houve mais de uma dezena de missões anteriores para buscar as ossadas, mas o governo afirma que esta é a maior tentativa até hoje, passados quase 35 anos do fim do conflito no Araguaia.
A procura foi determinada por sentença da juíza federal Solange Salgado, da 1ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Em 2003, ela determinou a entrega das ossadas às famílias.
Como os recursos do governo fracassaram, o Ministério da Defesa foi obrigado a montar a comissão para planejar a busca dos restos mortais.


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