São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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Jornalista ficou preso em manicômio

da Reportagem Local

Militante da luta armada desde os 15 anos, o jornalista Ivan Akselrud de Seixas, 44, ficou preso por seis anos e chegou a ver o pai, o operário Joaquim Alencar de Seixas, desfigurado pela tortura.
Joaquim era um dos líderes do Movimento Revolucionário Tiradentes e foi morto depois de um dia e meio de torturas.
Os dois foram detidos depois que um colega os denunciou. ""Ele foi preso, levou uns tapas e deixou de ser companheiro. Mudou de lado e passou a colaborar com a polícia", diz Ivan, hoje casado e pai de três filhos.
Levados para o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operação de Defesa Interna), foram torturados por 30 homens.
Ivan tem hoje uma cicatriz, fruto dos cheques elétricos a que foi submetido, na mão.
Soube da morte do pai enquanto era encaminhado para ser ""fuzilado", segundo o informaram. Ao passar por uma banca de jornal, pôde ler a notícia.
Cumpriu três anos de sua ""pena" na Casa de Custódia de Taubaté, para onde eram conduzidos presos de alta periculosidade e com problemas mentais.
Conhecido como Teobaldo pelos outros membros da organização, Ivan participou de ações como tomadas de fábrica e ""expropriações de supermercados". Depois de dois anos de sua libertação, em 20 agosto de 76 -quando o presidente Ernesto Geisel (74-79) iniciava a distensão do regime-, encontrou um de seus torturadores no metrô. ""Nos encaramos. Fingi que ia em direção a ele. Ele correu e eu entrei rápido no metrô." (PZ)


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