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QUESTÃO AGRÁRIA
Agressão aconteceu quando sem-terra invadiam fazenda; proprietário não foi localizado
Seguranças ferem cinegrafista no PR
WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Curitiba
Seguranças armados com revólveres e espingardas entraram em
confronto ontem com sem-terra
durante a tentativa de invasão de
uma fazenda no município de
Cascavel (PR).
Um cinegrafista da TV Tarobá,
emissora retransmissora da Rede
Bandeirantes na cidade, foi ferido
nas costas ao levar coronhadas de
seguranças contratados por fazendeiros.
O conflito ocorreu na manhã de
ontem, quando cerca de 400 famílias tentaram invadir a fazenda
São Domingos. Armados, 16 seguranças atiraram para o alto e fizeram os sem-terra recuar.
A Agência Folha tentou contatar, por telefone, Maria Elisa Festugato, que seria a proprietária da
fazenda São Domingos, mas ela
não foi localizada em sua casa.
Os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) estavam acampados
havia três meses na fazenda Refopaz que, segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), é produtiva.
Antes que o governo estadual
cumprisse o mandado de reintegração de posse, os invasores decidiram deixar a área e invadir
uma propriedade vizinha. Os fazendeiros já estavam esperando a
ação e colocaram funcionários na
divisa das propriedades.
Na confusão, o cinegrafista Davi
Ferreira da Silva, 27, foi ferido nas
costas. A diretora de jornalismo
da TV Tarobá, Taniclaer Marcon,
disse ter sido informada que um
dos ""jagunços" empurrou a câmera e bateu nas costas de Silva
com um revólver engatilhado.
Silva teria sido ""salvo" por sem-terra que presenciaram a agressão
e correram contra os seguranças.
A polícia não estava presente. O
comandante da Polícia Militar em
Cascavel, coronel Ailton Lino da
Silva, disse que mandou uma
equipe ao local após ser comunicado do fato. Até as 18h30, ele não
tinha um relatório detalhado.
Para ele, os sem-terra exageraram sobre o fato. ""Quando fiquei
sabendo do caso, disseram que
havia sete mortos. Não há nada
disso. Eles (os sem-terra) queriam
que eu mandasse um batalhão lá,
para chamar atenção de 60 jornalistas e criar um fato", afirmou.
Roberto Baggio, líder estadual
do MST, afirmou que as famílias
estavam sendo mantidas como
reféns pelos seguranças, que não
permitiam a saída da propriedade
Refopaz.
O superintendente estadual do
Incra, José Carlos de Araújo Vieira, disse que a situação já estava
tranquila no final da tarde. Segundo Vieira, o órgão realiza na região vistoria em várias propriedades indicadas como improdutivas
para assentar os sem-terra.
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