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ELDORADO DO CARAJÁS
Sessão que julgaria seis sargentos durou dez minutos; promotor pediu substituição de juiz
Julgamento de PMs volta a ser suspenso
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
LUCAS FIGUEIREDO
enviado especial a Belém
O julgamento dos
policiais militares
envolvidos no massacre de Eldorado
do Carajás (sul do
Pará) foi novamente suspenso. A sessão de ontem,
que deveria julgar seis sargentos,
durou dez minutos.
No início da sessão, o promotor
Marco Aurélio Nascimento, responsável pela acusação, pediu a
substituição do juiz Ronaldo Valle, alegando que ele estaria conduzindo o julgamento de forma
parcial. A questão será decidida
pelo TJ (Tribunal de Justiça) do
Pará.
Não há prazo para a retomada
das sessões que irão julgar 147
PMs que participaram da desobstrução da rodovia PA-150 em 17
de abril de 1996, quando 19 sem-terra foram mortos. Cerca de 500
sem-terra que viajaram até Belém
para acompanhar o julgamento
deixaram a cidade na noite de anteontem.
"Se ainda este ano conseguirmos tomar as rédeas do processo,
ou seja, reiniciarmos esse julgamento, nós já teremos feito bastante coisa", disse a presidente-interina do TJ, Climenie Pontes.
O promotor alegou que Valle
não teria mais condições de presidir o júri porque, na segunda-feira, durante uma reunião aberta de
desembargadores, Valle foi chamado de "safado" e "vendido"
por parlamentares petistas e acabou ameaçando processá-los.
Também pelo fato de o juiz ter
declarado publicamente que usaria o mesmo critério que acabou
levando à absolvição dos três oficiais mais graduados envolvidos
no caso.
Valle teve que suspender as sessões, mas atacou o promotor.
"Mais uma vez ele mostra que não
tem condições emocionais de
participar desse julgamento."
O advogado de defesa dos sargentos, Luiz Abdoral Lopes, também criticou a atitude do promotor. "Foi uma palhaçada."
Recursos
Desde a semana passada, quando os jurados absolveram os três
primeiros réus do processo (coronel Mário Colares Pantoja, major
José Maria Oliveira e capitão Raimundo Almendra Lameira), a
acusação vinha tentando parar as
sessões seguintes.
Os outros 147 policiais militares
iriam ser julgados em 26 sessões
programadas para acontecer até
dezembro.
Na sessão da sexta-feira da semana passada, dia 20, Nascimento abandonou a tribuna.
Para o promotor, as sessões seguintes seriam "contaminadas",
porque o juiz usaria o mesmo
quesito (pergunta feita aos jurados que define o veredicto) sobre
insuficiência de provas, que absolveu os três policiais.
Durante esta semana, o TJ pressionou o Ministério Público para
que fosse retomado o julgamento,
ameaçando nomear um promotor à revelia.
O promotor, no entanto, anunciou sua volta apenas anteontem,
depois de entrar com um mandado de segurança para a suspensão
das próximas fases do julgamento. Mas deixou reservado para o
reinício da sessão de ontem o pedido de afastamento do juiz.
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