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PT leva procurador a Conselho Nacional
Partido afirma que há componente político na investigação do caso do dossiê, que seria "tendenciosa"
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT ingressou ontem no
Conselho Nacional do Ministério Público com uma reclamação em que acusa o procurador
da República Mário Lúcio Avelar de agir de forma tendenciosa, politizada, e de usar "insinuações e aleivosias" para "reverberar o discurso político
oposicionista" contra o partido
e o governo.
Avelar é o principal responsável no Ministério Público pela investigação da tentativa de
compra, por petistas, de documentos que supostamente
comprometeriam tucanos.
"A incontinência do procurador Mário Lúcio Avelar não
apenas o desqualifica, mas incorre em ilegalidades que devem ser apuradas. O que se
questiona (...) é se "insinuações", declarações "maliciosas" e
"ironias" fazem parte da correta
atuação de um membro do Ministério Público durante um
procedimento investigativo",
diz a reclamação.
O texto é assinado pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, afastado da coordenação
da campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva justamente pelo
escândalo da tentativa de venda do dossiê. Seu sucessor na
campanha, Marco Aurélio Garcia, também participou da elaboração da reclamação.
O principal argumento do PT
contra Avelar é uma entrevista
do procurador à Folha, publicada na edição de segunda-feira. Nela, Avelar insinua que a
Polícia Federal não estaria
agindo de forma rápida para
apurar o episódio e, em determinado ponto, dá a entender
que acredita ter saído do PT o
R$ 1,7 milhão que seria usado
para a compra do dossiê: "Veja
bem: estamos falando de um
partido político que tem o comando do país. Só tem o comando do país. [irônico] Não
tem mais nada. Só o país. Pode
sair de onde o dinheiro?", disse.
A reclamação insinua também que o procurador mantém
ligações com o PSDB.
Durante a campanha presidencial de 2002, Avelar foi acusado por políticos de atuar em
prol do então candidato tucano
à Presidência, José Serra.
A Folha deixou recado na secretária eletrônica do celular
de Avelar e no Ministério Público Federal do Mato Grosso,
mas não obteve resposta.
O Conselho Nacional, via assessoria de imprensa, informou que a reclamação será
analisada por sua Corregedoria
que, se julgar necessário, abrirá
uma sindicância.
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