São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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PT leva procurador a Conselho Nacional

Partido afirma que há componente político na investigação do caso do dossiê, que seria "tendenciosa"

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT ingressou ontem no Conselho Nacional do Ministério Público com uma reclamação em que acusa o procurador da República Mário Lúcio Avelar de agir de forma tendenciosa, politizada, e de usar "insinuações e aleivosias" para "reverberar o discurso político oposicionista" contra o partido e o governo.
Avelar é o principal responsável no Ministério Público pela investigação da tentativa de compra, por petistas, de documentos que supostamente comprometeriam tucanos.
"A incontinência do procurador Mário Lúcio Avelar não apenas o desqualifica, mas incorre em ilegalidades que devem ser apuradas. O que se questiona (...) é se "insinuações", declarações "maliciosas" e "ironias" fazem parte da correta atuação de um membro do Ministério Público durante um procedimento investigativo", diz a reclamação.
O texto é assinado pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, afastado da coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva justamente pelo escândalo da tentativa de venda do dossiê. Seu sucessor na campanha, Marco Aurélio Garcia, também participou da elaboração da reclamação.
O principal argumento do PT contra Avelar é uma entrevista do procurador à Folha, publicada na edição de segunda-feira. Nela, Avelar insinua que a Polícia Federal não estaria agindo de forma rápida para apurar o episódio e, em determinado ponto, dá a entender que acredita ter saído do PT o R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra do dossiê: "Veja bem: estamos falando de um partido político que tem o comando do país. Só tem o comando do país. [irônico] Não tem mais nada. Só o país. Pode sair de onde o dinheiro?", disse.
A reclamação insinua também que o procurador mantém ligações com o PSDB.
Durante a campanha presidencial de 2002, Avelar foi acusado por políticos de atuar em prol do então candidato tucano à Presidência, José Serra.
A Folha deixou recado na secretária eletrônica do celular de Avelar e no Ministério Público Federal do Mato Grosso, mas não obteve resposta.
O Conselho Nacional, via assessoria de imprensa, informou que a reclamação será analisada por sua Corregedoria que, se julgar necessário, abrirá uma sindicância.


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