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"Turbulência política" vai ser testada
DE WASHINGTON
Nos últimos seis meses, a direção do FMI (Fundo Monetário Internacional) insistiu na tese de
que a natureza das turbulências
econômicas no Brasil não é econômica, mas política. Nesta semana, essa tese será testada na prática, quando os mercados terão a
chance de reagir ao fim do processo eleitoral e à certeza de que o
país tem um novo governo.
Para um técnico do FMI que
acompanhou de perto o processo
eleitoral brasileiro, é quase certo
que o real e os papéis brasileiros
irão se apreciar nos próximos
dias. Isso só não ocorrerá, diz ele,
se Lula errar na nomeação de sua
equipe de transição, prevista para
terça-feira, ou se fizerem declarações desastrosas com relação à revisão de novembro do acordo.
Para o FMI, a dívida brasileira
sempre foi sustentável e, se o mercado de câmbio e os papéis da dívida brasileira sofreram pressões
nos últimos meses, foi por causa
de dúvidas quando ao processo
eleitoral. Segundo a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, a
dinâmica da dívida depende da
disposição do governo brasileiro
de elevar o esforço fiscal.
Lula precisa dos US$ 24 bilhões
oferecidos pelo FMI para fechar
as contas de 2003. Em troca, terá
de se comprometer a honrar o pagamento dos contratos do país e
providenciar economia para abater a dívida pública. Originalmente, essa economia era de 3,75% do
PIB (Produto Interno Bruto), mas
esse valor deve subir para cerca de
4,5% na revisão de novembro.
Lula deve aceitar esse esforço
fiscal adicional, apesar de ter pregado, em sua campanha, que o
Brasil não pode "trabalhar de dia
para pagar os juros à noite". A revisão do acordo será feita pela
equipe do atual governo, mas os
assessores econômicos de Lula serão consultados.
(MARCIO AITH)
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