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REPERCUSSÃO
Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo)
"O problema de qualquer governo será a governabilidade. Por
isso, deveria haver um pacto
apartidário, com uma agenda mínima com tudo o que seja prioridade para todos os brasileiros.
Quando Antônio Palocci e Aloizio Mercadante, em visita à Fiesp
[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], disseram que
o mercado de capitais era para financiar as indústrias e gerar empregos, deram sinalização fundamental a todos os brasileiros."
Eduardo Eugênio Gouvêia Vieira,
presidente da Firjan (Federação
das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro)
"O novo governo terá como
principal desafio administrar as
expectativas de diversos setores.
Como a esperança é enorme, e é
por isso que o Lula está sendo eleito, terá que cuidar disso posteriormente. O mercado já começou a se acalmar na semana passada. É difícil prever o próximo
ano. Mas, se os EUA não fizerem
nenhuma "estripulia", ou seja, não
afetarem o equilíbrio da paz mundial, acho que os juros irão cair,
gerando mais empregos. Na medida em que os especuladores virem que o Brasil é mais forte do
que eles imaginam, vão se arrepender de tirar o dinheiro daqui.
Esses analistas que dão notas ao
país sem conhecer nada serão cobrados por seus clientes."
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
"Acho que [a eleição de Lula] é
algo muito importante. É um teste
verdadeiro de alternância de poder, um marco, uma demonstração de amadurecimento da democracia."
Rubens Approbato Machado, presidente nacional da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil)
"O resultado da eleição consolida a democracia brasileira, mas
ao mesmo tempo é uma advertência para os eleitos. O eleitor está cobrando mudanças para diminuir as profundas desigualdades
sociais. De nada adiantam moeda
forte e estabilidade econômica se
na base da pirâmide prevalecem a
violência, a fome, o desemprego e
a injustiça."
Romeu Chap Chap, presidente do
Secovi (Sindicato da Habitação
do Estado de São Paulo)
"A maior dificuldade do novo
governo será reduzir as taxas de
juros e fazer com que a economia
comece a produzir num ritmo
maior. Nenhuma empresa tem
condições de investir com as taxas
de juros de hoje. Lula vai renegociar com o FMI, mas em condições melhores, a própria vitória
da oposição já cria perspectivas
positivas para o país."
Luís Hafers, presidente da Sociedade Rural Brasileira
"O grande desafio do governo
Lula em relação à classe rural será
vencer o ressentimento. Nosso setor ainda tem uma certa desconfiança do PT por conta do discurso antigo do partido, que nos era
desfavorável. Mas, superando
rancores e ressentimentos, tenho
uma visão esperançosa quanto ao
governo Lula. De forma geral,
acho um erro, uma injustiça e um
exagero dizer que o Brasil acabará
com o Lula. Ele não é o meu candidato, mas sua eleição representa
uma vitória da democracia. Por
isso, acredito que ele conseguirá
fazer um bom governo."
João Pedro Stedile, ideólogo do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
"Lula terá enormes desafios para enfrentar o grande capital norte-americano. As corporações, os
bancos, o FMI [Fundo Monetário
Internacional] e o Banco Mundial
farão tudo para não mudar nada,
mas o povo quer mudanças, e esse
será o grande dilema do governo
Lula. Acredito que na reforma
agrária poderemos ter muitos
avanços. É a área mais fácil para o
governo Lula avançar. Pior vai ser
na questão da dívida externa, na
distribuição de renda."
Sérgio Haberfeld, presidente do
conselho de administração da Dixie-Toga
"Controlar a inflação será o
maior desafio de Lula. Para conseguir isso, o governo não poderá
reduzir demais os juros num primeiro momento. Só depois das
reformas fiscais e da Previdência
terá condições de alterar a política
de juros. Acredito que Lula estará
muito mais voltado à produção
do que ao setor financeiro. E isso
causará uma grande transformação no país."
Boris Tabacof, presidente do conselho de administração da Cia. Suzano de Papel e Celulose
"O maior problema do governo
Lula será restabelecer as linhas de
crédito para o país, que ficaram
mais escassas nos últimos meses,
especialmente como reação à alta
do dólar. O novo governo deve
transmitir confiança para os mercados interno e externo, estimular
as exportações e honrar compromissos."
Synésio Batista da Costa, presidente
da Abrinq (Associação Brasileira
da Indústria de Brinquedos)
"O maior problema que o novo
governo vai enfrentar são as contas externas. Mas os credores do
Brasil vão olhar o país de uma melhor forma ao verem o apoio que
Lula teve nesta eleição. A saída
desse governo é resolver o problema da produção. O Brasil tem de
deixar de ser refém da dívida externa."
Carlos Tilkian, dono da Estrela
"A minha expectativa em relação ao governo de Lula é positiva,
especialmente porque o setor
produtivo industrial últimos oito
anos não teve um canal de comunicação com o governo e foi o que
mais sofreu por conta da política
econômica adotada. O modelo
econômico proposto pelo PT defende o aumento da produção industrial como fundamental para
gerar mais empregos."
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