São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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PMDB se recupera e ganha Sul; PSDB se concentra no Sudeste e governa maior número de Estados e 49,7 milhões de eleitores

PT perde nos Estados mais importantes

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT ganhou a Presidência da República, mas fracassou nas eleições estaduais. Perdeu as eleições para os governos dos Estados mais importantes. Das oito disputas em que esteve no segundo turno, a sigla de Lula tinha vencido apenas uma (Mato Grosso do Sul) até o início da madrugada de hoje. Já havia perdido em definitivo em cinco Estados (Amapá, Ceará, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo). Havia duas pendências -Pará, cujo resultado só seria conhecido na manhã de hoje, e Distrito Federal, onde a disputa estava voto a voto.
Os petistas ganharam três Estados em 98 (Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul). Desta vez, devem ficar com o mesmo número (Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí). Em termos de eleitorado governado, o PT tinha 9,1 milhões eleitores depois do pleito de 98. Agora, com a troca dos gaúchos pelos piauienses, ficará com apenas 3,6 milhões de eleitores nos Estados.
Em resumo: o PT saiu das eleições pelos governos estaduais pior do que entrou.
A seguir, uma compilação dos resultados estaduais e das consequências para as principais siglas:
1) PT - o partido foi alijado dos governos das regiões Sul e Sudeste. A derrota mais amarga foi a do Rio Grande do Sul. Em 1998, a sigla havia conquistado aquele governo estadual, com Olívio Dutra. Com um eleitorado de 7,4 milhões (o quinto maior do país), o Rio Grande do Sul era a principal vitrine petista.
Intransigente no campo das alianças ao centro, enredado em várias disputas internas e com o governador Olívio Dutra citado num escândalo com o jogo do bicho, o PT resolveu lançar Tarso Genro para a disputa estadual.
Tarso renunciou ao cargo de prefeito de Porto Alegre para concorrer. Sua escolha emitiu um sinal de desaprovação, do próprio PT gaúcho, em relação à administração de Olívio Dutra. Ontem, veio a derrota nas urnas.
Em São Paulo, a derrota de José Genoino para o tucano Geraldo Alckmin foi considerada menos negativa pela direção do PT. A sigla nunca havia conseguido chegar tão longe nesse Estado. Acabou superando o malufismo e fez a maior bancada de deputados federais e estaduais no Estado.
Em 2003, o Estado mais importante que será governado pelo PT é o Mato Grosso do Sul (21º eleitorado brasileiro, com apenas 1,4 milhão de eleitores).
2) PMDB - elegeu todos os três governadores dos Estados da região Sul -Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Nenhum dos eleitos é neófito na política. Germano Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC) e Roberto Requião (PR) são integrantes tradicionais do PMDB. Devem puxar para si a hegemonia da sigla, concentrada hoje nas mãos de um grupo de congressistas que optou por dar apoio ao governo FHC em troca de cargos.
O outro líder peemedebista que se consolida é Jarbas Vasconcelos, governador reeleito de Pernambuco ainda no primeiro turno. Serão esses quatro políticos -Jarbas, Rigotto, Luiz Henrique e Requião- os principais responsáveis pela interlocução com o governo federal de Lula.
3) PSDB - continua forte no Sudeste, região onde nasceu. Manteve São Paulo e governará também Minas Gerais. Os tucanos terão sob seu governo 49,7 milhões de eleitores nos Estados -considerando apenas os locais onde já haviam garantido vitória até o início da madrugada de hoje (Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Rondônia e São Paulo).
Nenhuma outra sigla governará tantos Estados e terá tantos eleitores sob seu comando localmente como o PSDB.
4) PFL e PPB - os dois partidos seguem com dificuldades no Sul e no Sudeste. O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), não foi reeleito.
A maior vitrine do PFL continuará sendo a Bahia, Estado com o quarto maior eleitorado e dominado por pefelistas, tendo à frente ACM (senador eleito).


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