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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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DISTRITO FEDERAL

Três ministros do STF já votaram pela derrubada da liminar de Marco Aurélio que suspendeu ação em julho

Processo contra Roriz deve ser retomado

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), deverá sofrer nesta semana uma derrota no processo no qual o PT o acusa de ter praticado abusos na campanha à reeleição, em 2002, e pede a cassação do seu mandato.
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) está para decidir se mantém ou não liminar do ministro Marco Aurélio de Mello que, desde julho, mantém esse processo paralisado. O argumento foi de que o PT deveria ter movido uma ação de impugnação de mandato, e não um recurso contra a expedição do diploma, como ocorreu. A tendência é que a liminar seja derrubada.
Em setembro, quando o julgamento da liminar começou, três ministros -Joaquim Barbosa, Carlos Britto e Cezar Peluso- votaram contra ela. Só Marco Aurélio foi favorável. Bastam mais três votos para que ela caia.
O julgamento foi adiado por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. A expectativa é que seja concluído amanhã ou na quinta-feira, caso os 11 ministros estejam presentes.
Em seguida, virá outro embate: o Supremo julgará o mérito do recurso em que o advogado de Roriz, Pedro Gordilho, questiona a constitucionalidade do rito adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para esse tipo de ação.
Roriz é acusado, entre outras irregularidades, de desvio de dinheiro público em benefício próprio e de aliados. O esquema teria envolvido uma entidade de assistência social, o Instituto Candango de Solidariedade, e duas empresas que prestaram serviço para a campanha, Adler e Linknet.
Essa acusação também consta do processo movido pelo Ministério Público Eleitoral e que já tem parecer do ex-procurador-geral eleitoral Geraldo Brindeiro pela cassação do mandato.
O simples andamento dos processos expõe Roriz a desgaste político. Já houve boatos sobre a sua intenção de renunciar, que ele sempre atribuiu à oposição.
A eventual condenação poderá atingir a vice-governadora, Maria de Lourdes Abadia (PSDB). Nessa hipótese, o PT tentará assegurar a posse de Geraldo Magela, que disputou o segundo turno com Roriz e perdeu por uma diferença pouco superior a 15 mil votos (cerca de 1% dos eleitores). O mais provável, porém, é que o TSE convoque novas eleições.

Outro lado
O advogado Pedro Gordilho, que representa Roriz, negou que o seu cliente vá sofrer derrota se o STF derrubar a liminar, porque ele acredita que o próprio tribunal julgará em seguida o mérito do recurso no qual ele questiona a validade do rito adotado pelo TSE.
Ex-ministro do TSE, Gordilho sustenta que a forma de tramitação estabelecida pelo tribunal para esses processos viola dois princípios da Constituição: o direito da pessoa de ser julgada por pelo menos duas instâncias judiciais e o direito à apresentação de contraprova (contestar devidamente prova da acusação).


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