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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO
Valdemar Costa Neto reafirma que utilizou recursos repassados por Valério para pagar despesas da campanha de Lula no segundo turno
Oposição cobra impeachment em acareação
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A temperatura no Congresso
voltou a subir ontem, inclusive
com a oposição reacendendo a
brasa dormida do impeachment
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O líder do PFL no Senado,
José Agripino (RN), anunciou
que encaminhará uma denúncia-crime ao Ministério Público Federal para que apure suposta existência de "recursos não contabilizados" na campanha de Lula.
Já o PSDB cumpriu a ameaça e
protocolou pedido de CPI no Senado para investigar caixa dois
nas campanhas eleitorais. Do lado
do PT, o presidente do partido,
deputado Ricardo Berzoini (SP),
atacou frontalmente o PFL. E, em
seu programa de TV, o partido
também criticou duramente o governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
O ápice do acirramento de ânimos aconteceu na CPI do Mensalão. Num dia dedicado a acareações entre pagadores e receptores
de dinheiro do suposto esquema
montado pelo PT e por Marcos
Valério, a CPI, logo pela manhã,
virou palco para a oposição voltar
a cobrar impeachment de Lula.
Oito acusados de envolvimento
no esquema participariam da acareação, que começou às 10h50 e
não havia terminado até o fechamento desta edição. Os principais
eram Valério, a ex-diretora financeira da SMPB Simone Vasconcelos e o ex-petista Delúbio Soares.
A exemplo das situações anteriores, antigas acusações e negativas foram repetidas e pouco foi
esclarecido. As dúvidas levaram o
presidente da CPI, senador Amir
Lando (PMDB-RO), a suspeitar
que a lista de parlamentares que
se beneficiaram dos recursos de
caixa dois pode aumentar.
Durante a acareação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato de deputado para não ser cassado por conta do envolvimento
com o esquema de Valério, o deputado Moroni Torgan (PFL-CE)
sugeriu o encaminhamento de
uma representação contra o presidente Lula, reavivando o debate
sobre o impeachment.
Na acareação com Delúbio,
com Valério e com Simone, Valdemar reafirmou que utilizou os
recursos repassados pelo publicitário, com autorização do ex-tesoureiro petista, para despesas de
campanha no segundo turno da
eleição de Lula, em 2002.
Antes do fim da acareação, Valdemar procurou amenizar sua
declaração que envolveu Lula.
Disse que ele mesmo decidiu, sem
consultar ninguém, investir mais
na campanha de Lula. A oposição
não levou em conta esse senão.
Valdemar disse que recebeu R$
6,5 milhões do esquema Valério.
O valor, no entanto, diverge de lista enviada pelo publicitário à CPI,
na qual aponta que foram R$
10,837 milhões repassados para o
presidente do PL, parte dele por
meio da empresa Guaranhuns.
Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do
PL, disse que não indicou a Guaranhuns e que não contava o dinheiro que recebia. Ele revelou
que os recursos tiveram como
destino Valdemar, e não o PL.
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