São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO

Valdemar Costa Neto reafirma que utilizou recursos repassados por Valério para pagar despesas da campanha de Lula no segundo turno

Oposição cobra impeachment em acareação

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A temperatura no Congresso voltou a subir ontem, inclusive com a oposição reacendendo a brasa dormida do impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), anunciou que encaminhará uma denúncia-crime ao Ministério Público Federal para que apure suposta existência de "recursos não contabilizados" na campanha de Lula.
Já o PSDB cumpriu a ameaça e protocolou pedido de CPI no Senado para investigar caixa dois nas campanhas eleitorais. Do lado do PT, o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), atacou frontalmente o PFL. E, em seu programa de TV, o partido também criticou duramente o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O ápice do acirramento de ânimos aconteceu na CPI do Mensalão. Num dia dedicado a acareações entre pagadores e receptores de dinheiro do suposto esquema montado pelo PT e por Marcos Valério, a CPI, logo pela manhã, virou palco para a oposição voltar a cobrar impeachment de Lula.
Oito acusados de envolvimento no esquema participariam da acareação, que começou às 10h50 e não havia terminado até o fechamento desta edição. Os principais eram Valério, a ex-diretora financeira da SMPB Simone Vasconcelos e o ex-petista Delúbio Soares.
A exemplo das situações anteriores, antigas acusações e negativas foram repetidas e pouco foi esclarecido. As dúvidas levaram o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), a suspeitar que a lista de parlamentares que se beneficiaram dos recursos de caixa dois pode aumentar.
Durante a acareação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato de deputado para não ser cassado por conta do envolvimento com o esquema de Valério, o deputado Moroni Torgan (PFL-CE) sugeriu o encaminhamento de uma representação contra o presidente Lula, reavivando o debate sobre o impeachment.
Na acareação com Delúbio, com Valério e com Simone, Valdemar reafirmou que utilizou os recursos repassados pelo publicitário, com autorização do ex-tesoureiro petista, para despesas de campanha no segundo turno da eleição de Lula, em 2002.
Antes do fim da acareação, Valdemar procurou amenizar sua declaração que envolveu Lula. Disse que ele mesmo decidiu, sem consultar ninguém, investir mais na campanha de Lula. A oposição não levou em conta esse senão.
Valdemar disse que recebeu R$ 6,5 milhões do esquema Valério. O valor, no entanto, diverge de lista enviada pelo publicitário à CPI, na qual aponta que foram R$ 10,837 milhões repassados para o presidente do PL, parte dele por meio da empresa Guaranhuns.
Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, disse que não indicou a Guaranhuns e que não contava o dinheiro que recebia. Ele revelou que os recursos tiveram como destino Valdemar, e não o PL.


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