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Delúbio insinua que mais envolvidos surgirão e que caixa 2 era conhecido
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares fez um desabafo ontem
durante a acareação à qual foi
submetido juntamente com Marcos Valério Fernandes de Souza e
a ex-diretora financeira da SMPB,
Simone Vasconcelos. Delúbio
deu a entender que petistas sabiam da existência de caixa dois.
"As pessoas sabiam", afirmou.
"As demais vão aparecer nas investigações", declarou, sem dar
nomes. Delúbio fez questão de
afirmar que não foi candidato a
nada e que as despesas de campanha não foram feitas por ele. O ex-tesoureiro foi expulso do PT no
sábado. "Durante cinco anos em
que fui tesoureiro nunca tive
questionada a minha gestão", disse. "O processo [de expulsão] eu
posso discordar, mas acato."
Em sua defesa apresentada ao
Diretório Nacional do PT, o ex-tesoureiro disse que somente os diretórios do Mato Grosso do Sul,
Acre, Piauí (coincidentemente os
três Estados governados pelo PT)
e Maranhão (onde um ex-tesoureiro do partido diz ter recebido
recursos não-contabilizados do
Diretório Nacional do PT) não foram beneficiados com "recursos
não-contabilizados". Ontem, voltou a fazer a mesma afirmação.
Na acareação, os parlamentares
procuraram esclarecer quem era
o Roberto Marques que deveria
sacar R$ 50 mil no Banco Rural,
mas que foi substituído por um
motorista da corretora Bônus-Banval. Essa corretora é acusada
de repassar recursos do esquema
Marcos Valério para o PP. Parlamentares suspeitam que Roberto
Marques seria Bob Marques, ex-assessor do deputado federal José
Dirceu (PT-SP), o que ele nega.
"Não me lembro quem pediu
para que mudasse o nome do sacador", afirmou Valério, que já
havia informado à CPI que só fazia pagamentos com autorização
de Delúbio. "Não sei se o Roberto
Marques em questão é o amigo do
ex-ministro José Dirceu."
Apesar de ter confirmado os valores supostamente repassados
para parlamentares e partidos,
Valério admitiu que pode ter cometido algum erro. "Eu sou humano, quero dizer que não sou
perfeito. Posso ter cometido equívocos, mas confirmo a lista."
O ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri reafirmou que o deputado federal cassado Roberto
Jefferson (RJ) recebeu R$ 4 milhões de Valério, mas o publicitário e Delúbio negaram que tenham pago essa quantia ao PTB.
"Ninguém assume que deu os R$
4 milhões, e o Roberto Jefferson
foi cassado porque afirmou que
recebeu", lastimou Palmieri.
Bate-bocas foram comuns na
sessão de ontem. Logo no início
dos trabalhos, o relator, Ibrahim
Abi-Ackel (PP-MG), informou
que a acareação deveria servir para confrontar respostas e esclarecer declarações divergentes. Para
o relator, a sessão não poderia ser
utilizada para a tomada de depoimento dos depoentes.
Moroni Torgan (PFL-CE) discordou. "Somos juízes e nenhum
juiz pode cercear o direito do outro", contestou. "Pode, sim", contrapôs Abi-Ackel. "Vossa Excelência está tumultuando os trabalhos", criticou o relator.
Até o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) protagonizou um instante de nervosismo. Delúbio respondia uma pergunta do senador
quando o deputado João Correia
(PMDB-AC) quis contê-lo.
"O senador Suplicy já esgotou
seu tempo e não podemos abrir
precedentes", afirmou. "Eu não
excedi meu tempo e o senhor não
tem direito de interromper o depoente", reagiu Suplicy. "Excedeu, sim", insistiu o deputado.
Suplicy, nervoso, levantou-se,
com o dedo em riste. Outros parlamentares intervieram para acalmar os ânimos. Minutos depois,
já sorrindo, o senador cumprimentou o deputado.
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