São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO

Irritados com denúncias de uso de caixa 2 na campanha de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), tucanos querem apurar financiamentos entre 1998 e 2004

PSDB protocola pedido de criação de CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB protocolou ontem, no Senado, requerimento de criação de uma CPI para investigar a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais realizadas entre 1998 e 2004. Foi uma resposta às denúncias de irregularidades no financiamento de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que o levaram a deixar a presidência do partido.
Para os tucanos, o governo e o PT tentam confundir as investigações sobre supostos casos de corrupção na gestão Luiz Inácio Lula da Silva trazendo à tona o caso Azeredo. Ao pedir a CPI, os alvos são as campanhas dos senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Ideli Salvatti (PT-SC), principais nomes do Planalto na Casa.
Para Mercadante, que é líder do governo, a oposição não quer investigar a existência de caixa dois em campanhas e por isso propôs a criação de mais uma comissão, além das CPIs dos Correios, Bingos e Mensalão. Para ele, a existência de mais uma CPI serviria para tirar o foco das apurações.
O pedido de criação da CPI teve 37 assinaturas, dez a mais do que o necessário. Entre os signatários estão dois petistas -Paulo Paim (RS) e Ana Júlia Carepa (PA)-, além de Azeredo. Este admitiu existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998, mas disse que não tinha conhecimento do fato.
Para embasar o pedido, foi citada a lista entregue à CPI dos Correios pelo publicitário Marcos Valério de Souza discriminando campanhas do PT às quais foram destinados recursos. Também foi citada a declaração de Duda Mendonça de que recebeu do PT R$ 10,5 mi no exterior.
Governistas procuraram o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), autor do requerimento, na manhã de ontem. O pedido só foi protocolado à tarde. Os parlamentares se disseram preocupados com o aumento da tensão entre governo e oposição, mas não teriam feito menção à criação da CPI.
A temperatura subiu desde a semana passada, quando Cláudio Mourão, ex-tesoureiro de Azeredo, foi convocado pela CPI dos Correios. A primeira reação do PSDB foi pedir que 12 tesoureiros estaduais do PT sejam ouvidos. Os tucanos também ameaçaram convocar Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Lula acusado de tráfico de influência.
Aliado do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se encontraria com Lula na noite de ontem. É a segunda reunião da semana. Mesmo contrariando interesses do Planalto, Renan já disse que, diante de pedido, terá que instalar a CPI. Para funcionar, uma CPI depende da indicação de seus membros pelos líderes. Se não o fizerem, Renan tem de fazê-lo, obrigado por uma decisão do STF, tomada neste ano, segundo a qual as CPIs são um direito da minoria.
(FERNANDA KRAKOVICS)


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