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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO
Irritados com denúncias de uso de caixa 2 na campanha de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), tucanos querem apurar financiamentos entre 1998 e 2004
PSDB protocola pedido de criação de CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PSDB protocolou ontem, no
Senado, requerimento de criação
de uma CPI para investigar a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais realizadas entre
1998 e 2004. Foi uma resposta às
denúncias de irregularidades no
financiamento de campanha do
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), que o levaram a deixar a presidência do partido.
Para os tucanos, o governo e o
PT tentam confundir as investigações sobre supostos casos de corrupção na gestão Luiz Inácio Lula
da Silva trazendo à tona o caso
Azeredo. Ao pedir a CPI, os alvos
são as campanhas dos senadores
Aloizio Mercadante (PT-SP) e
Ideli Salvatti (PT-SC), principais
nomes do Planalto na Casa.
Para Mercadante, que é líder do
governo, a oposição não quer investigar a existência de caixa dois
em campanhas e por isso propôs
a criação de mais uma comissão,
além das CPIs dos Correios, Bingos e Mensalão. Para ele, a existência de mais uma CPI serviria
para tirar o foco das apurações.
O pedido de criação da CPI teve
37 assinaturas, dez a mais do que
o necessário. Entre os signatários
estão dois petistas -Paulo Paim
(RS) e Ana Júlia Carepa (PA)-,
além de Azeredo. Este admitiu
existência de caixa dois em sua
campanha à reeleição ao governo
de Minas, em 1998, mas disse que
não tinha conhecimento do fato.
Para embasar o pedido, foi citada a lista entregue à CPI dos Correios pelo publicitário Marcos Valério de Souza discriminando
campanhas do PT às quais foram
destinados recursos. Também foi
citada a declaração de Duda Mendonça de que recebeu do PT R$
10,5 mi no exterior.
Governistas procuraram o líder
do PSDB, Arthur Virgílio (AM),
autor do requerimento, na manhã
de ontem. O pedido só foi protocolado à tarde. Os parlamentares
se disseram preocupados com o
aumento da tensão entre governo
e oposição, mas não teriam feito
menção à criação da CPI.
A temperatura subiu desde a semana passada, quando Cláudio
Mourão, ex-tesoureiro de Azeredo, foi convocado pela CPI dos
Correios. A primeira reação do
PSDB foi pedir que 12 tesoureiros
estaduais do PT sejam ouvidos.
Os tucanos também ameaçaram
convocar Genival Inácio da Silva,
irmão do presidente Lula acusado
de tráfico de influência.
Aliado do governo, o presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), se encontraria com
Lula na noite de ontem. É a segunda reunião da semana. Mesmo
contrariando interesses do Planalto, Renan já disse que, diante
de pedido, terá que instalar a CPI.
Para funcionar, uma CPI depende
da indicação de seus membros
pelos líderes. Se não o fizerem,
Renan tem de fazê-lo, obrigado
por uma decisão do STF, tomada
neste ano, segundo a qual as CPIs
são um direito da minoria.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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