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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GUERRA FRIA
Irritado com críticas de Bornhausen, presidente do partido o atacou e associou o PFL à tortura praticada na ditadura militar
PT não dá satisfação sobre cartaz, diz Berzoini
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um lance da disputa
entre governo e oposição, o presidente do PT, deputado Ricardo
Berzoini (SP), afirmou ontem que
o PFL representa o conservadorismo associado a cartazes de
"procura-se" e à tortura praticada
durante a ditadura militar.
Por isso, segundo ele, o PT não
dará satisfação sobre a fotomontagem espalhada por pontos de
Brasília em que o presidente do
PFL, Jorge Bornhausen, é retratado como ditador nazista.
Berzoini disse ainda que o PT
nunca teve em seus quadros "traficantes e assassinos" -e citou o
deputado cassado Hildelbrando
Pascoal -e "pessoas que promoveram esquema de grampo ilegal", em referência ao senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "O conservadorismo que o
senador Bornhausen representa
está associado a cartazes famosos
como os de "procura-se" e ao período triste em que se torturavam
pessoas para impedi-las de seguir
sua trajetória política", afirmou,
em resposta a declaração do presidente do PFL de que o PT sempre incentivou ações como a dos
cartazes.
Um militante petista assumiu a
autoria dos cartazes, mas o PT diz
que foi uma ação isolada.
"O novo presidente do PT começa mal. Mostra despreparo,
desespero e falta de educação política", rebateu Bornhausen, que
defendeu ACM, acusado em 2003
de ter grampeado adversários.
Bornhausen ainda levantou a suspeita de que o ministro Luiz Marinho (Trabalho) seria o mentor intelectual do ato.
A Polícia Civil do Distrito Federal apontou, anteontem, três pessoas como responsáveis por mandar confeccionar os cartazes. Um
deles, Avel Alencar, é diretor jurídico do Sindicato dos Profissionais em Processamento de Dados
do DF, vinculado à CUT (Central
Única dos Trabalhadores), e filiado ao PT desde 1993.
Ele assumiu a autoria do material. O pedido à gráfica foi feito
por seu irmão, Abelmar Alencar.
O layout dos cartazes foi desenvolvido por Marcos Wilson, funcionário da liderança do PT na
Câmara Legislativa do Distrito
Federal.
Pela manhã, em entrevista coletiva, Bornhausen utilizou termos
como "quadrilha" e "farsa criminosa" para se referir ao episódio.
Ele tentou ser cauteloso, afirmando que não podia acusar o PT nacional e que o caso estaria restrito
ao diretório do Distrito Federal.
Apesar disso, o catarinense não
isentou o partido de responsabilidade no caso. "Na oposição, o PT
e a CUT faziam esse tipo de ação
constantemente. Eles eram useiros e vezeiros desse tipo de ação,
mas agora são governo e têm que
fazer as coisas certas", afirmou o
pefelista.
Bornhausen também levantou
suspeitas contra Luiz Marinho
porque ele teria dito, na semana
passada, que o senador "tem saudades de Hitler".
O presidente do PFL também
citou entrevista concedida pelo
presidente da CUT, João Felício,
no início do mês, com ataques
contra ele. "Berzoini agride o PFL
porque tenta mudar de assunto,
mas sua tarefa principal está definida: terá que continuar defendendo corruptos", disse.
Sobre Hildelbrando, Bornhausen afirmou que o ex-deputado
foi expulso do partido.
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