São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GUERRA FRIA

Irritado com críticas de Bornhausen, presidente do partido o atacou e associou o PFL à tortura praticada na ditadura militar

PT não dá satisfação sobre cartaz, diz Berzoini

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais um lance da disputa entre governo e oposição, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou ontem que o PFL representa o conservadorismo associado a cartazes de "procura-se" e à tortura praticada durante a ditadura militar.
Por isso, segundo ele, o PT não dará satisfação sobre a fotomontagem espalhada por pontos de Brasília em que o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, é retratado como ditador nazista.
Berzoini disse ainda que o PT nunca teve em seus quadros "traficantes e assassinos" -e citou o deputado cassado Hildelbrando Pascoal -e "pessoas que promoveram esquema de grampo ilegal", em referência ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "O conservadorismo que o senador Bornhausen representa está associado a cartazes famosos como os de "procura-se" e ao período triste em que se torturavam pessoas para impedi-las de seguir sua trajetória política", afirmou, em resposta a declaração do presidente do PFL de que o PT sempre incentivou ações como a dos cartazes.
Um militante petista assumiu a autoria dos cartazes, mas o PT diz que foi uma ação isolada.
"O novo presidente do PT começa mal. Mostra despreparo, desespero e falta de educação política", rebateu Bornhausen, que defendeu ACM, acusado em 2003 de ter grampeado adversários. Bornhausen ainda levantou a suspeita de que o ministro Luiz Marinho (Trabalho) seria o mentor intelectual do ato.
A Polícia Civil do Distrito Federal apontou, anteontem, três pessoas como responsáveis por mandar confeccionar os cartazes. Um deles, Avel Alencar, é diretor jurídico do Sindicato dos Profissionais em Processamento de Dados do DF, vinculado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), e filiado ao PT desde 1993.
Ele assumiu a autoria do material. O pedido à gráfica foi feito por seu irmão, Abelmar Alencar. O layout dos cartazes foi desenvolvido por Marcos Wilson, funcionário da liderança do PT na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Pela manhã, em entrevista coletiva, Bornhausen utilizou termos como "quadrilha" e "farsa criminosa" para se referir ao episódio. Ele tentou ser cauteloso, afirmando que não podia acusar o PT nacional e que o caso estaria restrito ao diretório do Distrito Federal.
Apesar disso, o catarinense não isentou o partido de responsabilidade no caso. "Na oposição, o PT e a CUT faziam esse tipo de ação constantemente. Eles eram useiros e vezeiros desse tipo de ação, mas agora são governo e têm que fazer as coisas certas", afirmou o pefelista.
Bornhausen também levantou suspeitas contra Luiz Marinho porque ele teria dito, na semana passada, que o senador "tem saudades de Hitler".
O presidente do PFL também citou entrevista concedida pelo presidente da CUT, João Felício, no início do mês, com ataques contra ele. "Berzoini agride o PFL porque tenta mudar de assunto, mas sua tarefa principal está definida: terá que continuar defendendo corruptos", disse.
Sobre Hildelbrando, Bornhausen afirmou que o ex-deputado foi expulso do partido.


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